Conhecido por sua profunda relação com a Mata Atlântica, onde coleta árvores caídas para suas emblemáticas produções, Hugo França leva um pouco do Brasil e de Trancoso (BA) para a Design Miami, que acontece entre os próximos dias 6 e 10, com um trabalho de curadoria que foca no convite ao relaxamento e ao descanso. Com o tema ‘Assentos‘, o designer levará sete peças, entre bancos, chaises e banquetas, que apesar das peculiaridades de suas formas esculpidas a partir de matérias-primas únicas possuem uma função em comum: são feitas para sentar. Completam a exposição a Mesa Jabró, que será usada como apoio, e um conjunto de gamelas. Juntas, as peças pesam cerca de 1 tonelada de madeira reutilizada.
“Sempre gostei de despertar o olhar crítico e criativo das pessoas. Desenvolvemos essa curadoria para a Design Miami com este objetivo: saber de que maneira as pessoas preferem usar as peças, indo além da sua função óbvia, mostrando que arte e design não possuem regras imutáveis. Um item pode – e deve – ganhar novo uso simplesmente por vontade, por um momento ou um ponto de vista diferente que possam surgir”, comenta França. Projetado em parceria com a Galeria Memo – Mercado Moderno, do Rio de Janeiro, o estande que abrigará as peças costuma se destacar na cidade americana. “A curiosidade das pessoas se desperta quando elas se deparam com uma natureza tão viva e crua. Sempre sou procurado para falar sobre meu processo criativo, florestas tropicais e também sobre a importância do reaproveitamento de resíduos lenhosos“, completa o designer.
Hugo França nasceu em Porto Alegre, em 1954. Em busca de uma vida mais próxima da natureza, mudou-se para Trancoso, onde viveu por 15 anos. Lá, percebeu o grau de desperdício na extração e uso da madeira, vivência que pautou seu trabalho. Desde o final dos anos 1980, desenvolve “esculturas mobiliárias“, expressão usada primeiramente pela crítica Ethel Leon e adotada pelo designer por sua precisão em descrever a produção que ele executa a partir de resíduos florestais e urbanos – árvores condenadas naturalmente, por ação das intempéries ou pela ação do homem.
Fotos: Alexandre Pirani