Em Porto Alegre, no último dia 31 de Maio, o artista flutuou e ganhou nosso coração.
Com influências da música popular brasileira, flertando com brega, forró e uma pitada generosa de samba, Johnny Hooker, de 31 anos, sabe muito bem como acertar o seu coração em cheio. Faixas como “Alma Sebosa“, do primeiro disco, Vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!, ditam o ritmo e clima energético do show. Sem contar que o flerte com a música pop nacional dos anos 80 te leva por vezes a uma nostálgica e radiofônica viagem de carro com seus amigos (chorando pelo amor perdido).
Fotos por Mylena Scheffer
Cada verso cantado pelo pernambucano ecoa como se ele estivesse ao seu lado. Seu vocal potente (sem precisar de muito esforço) unido de sua leveza no palco são indestrutíveis e arrebatadores. Altamente performático, seu estilo glam rock e tropicalista por vezes remete a David Bowie e Caetano Veloso, o tornando único.
“Ninguém vai poder querer nos dizer como amar!”
O tom político percorre grande parte do show, e, em coro, o público grita palavras de ordem como “ele não!” e “Eu não vou trabalhar para morrer!”. Entre troca de figurino, o cantor, ainda fora do palco, completa: “Marielle, presente!”, “Matheusa, Presente!” e “Dandara, presente!”, figuras emblemáticas nas lutas de classes e minorias brasileiras.
Bandeiras LGBTQ’s erguidas, casais dos mais diversos amores e idades reunidos preenchem o concerto. O olhar penetrante de Johnny Hooker e suas letras amorosas “volta! Me diz que nosso amor não é uma mentira!” fazem querer amar, se entregar, dançar e esquecer de tudo ao teu redor. Entretanto o artista resgata a realidade e, num discurso de resistência, grita:
“Eles podem matar uma rosa ou duas, mas não podem impedir a chegada da primavera!”
Amor, definitivamente, é o melhor sentimento para descrever a Turnê do Coração. Por todos os cantos vemos casais cantando juntos, desde a emblemática “Amor Marginal” até a dançante “Corpo Fechado”, em parceria com Gaby Amarantos, do segundo álbum, Coração. E, com toda a certeza, você sentirá um aperto no coração ao sair do show, com uma enorme vontade de abraçar todo mundo de tanta representatividade em um único espaço.
É difícil dizer qual o ponto alto do show, uma vez que todas as músicas são cantadas em coro pelo público, e John Donovan (nome real do cantor), se entrega em suas danças não só passando a impressão de estar curtindo, como de fato estando entregue à plateia. Flutuando, Hooker vai embora agradecendo o público gaúcho pela grande acolhida e, mesmo após 2h10m de show, com as luzes acesas, o público clama por “Flutua”, parceria com Liniker e os Caramelows. Prontamente, o artista atende aos pedidos, encerrando o show com o sucesso!
O último show do mês de Junho está previsto para o dia 15 de maio, em Campinas, caso você queira ter a oportunidade de sentir o amor através da música. Ouça também, nas plataformas digitais, uma playlist criada por nós com os melhores sucessos do cantor.
Se quiser ter seu amor de volta, basta gritar: “eu vou chamar Iansã, Ogum e Oxalá. Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito”!
Por Matheus Rangel