Dias antes de completar um ano que estamos (ou éramos para estar) isolados em casa para frear a pandemia do COVID-19, fiz as fotos acima com uma turma querida e talentosa de profissionais capitaneada pelo meu amigo Duddu Vanoni. Uma homenagem às mulheres no mês de março, que não sabíamos ainda que terminaria tão trágico, com recorde de mortes em boa parte do território brasileiro.
A Beleza Real das mulheres foi a inspiração da iniciativa da clínica estética Infinitty You. Quando recebi as fotos, imediatamente, sem pensar na minha própria reação, ou mandar nenhuma informação coerente para o meu cérebro, eu simplesmente S-U-R-T-E-I.
Me vi supercorcunda, com um braço meio feio, meio torto, meio apertado, meio espalhado. Meu ego foi hackeado (ou seria o nosso ego miúdo assim mesmo?) e começou o chilique virtual. Não era um ângulo bom, argumentei com o Duddu, essa foto “horrível” não podia ser a preferida deles…
Todas as minhas teorias feministas e livres — de que devemos nos amar respeitando as individualidades e as vontades de todos os corpos — davam pinote dentro de mim, na medida em que a minha vaidade ganhava protagonismo assustador e testemunhado apenas (por sorte) pelo meu amigo.
Enquanto meus dedos ainda teclavam que o cabelo também estava uma palha, eu sabia que tinha que ter lavado, mas azar… Afinal eu já tinha 47 anos e blá, blá, blá, blá.
Sabe carro quando não pega? Fica só gastando a energia e a bateria da gente e não tem poder de arranque? Engasga, faz fumaça, barulho, deteriora, mas não sai do lugar, não segue o próprio rumo. É certo passearmos pela vida sendo ao mesmo tempo esse carro enguiçado e cansado e o motorista teimoso, vaidoso e insistente? Não é possível nem comprar uma máquina zero e mais potente e tampouco chamar outro piloto.
Não passamos de avatares ilusórios e conceitos abstratos e irreais que criamos de nós. Que hoje em dia depositamos no Instagram para aprovação e cancelamento alheio. Nosso estacionamento digital e gratuito de “egos” de diferentes estilos, culturas e lugares do mundo. Eu olhava as fotos, dava uma bufada, olhava de novo… Digitava mais alguma coisa para o Duddu, apagava e ao mesmo tempo sentia vergonha do que eu pensava e dizia sobre mim para o coitado do meu amigo. Ele, com a experiência e elegância que lhe são peculiares, deixou o meu ataque egóico passar com o poder do tempo.
Lembrar disso me transportou direto ao mês de abril, só que de 12 anos atrás. Quando me perdi tentando achar uma aula de yoga durante a Páscoa com a minha família em Gramado. Voltei para casa desolada, fumando cigarro, furiosa e angustiada dentro de mim e dos meus “carros”. Naquele instante, instigada pela renovação da data, por mais difícil e trabalhoso que fosse, eu decidi que não desistiria de escrever e de colocar yoga na minha vida. Sabia que era esse o caminho para domar a minha mente e o coração.
Essa história foi minha primeira crônica. Passados sete anos, um tanto de práticas físicas e algumas lesões, o yoga adentrou na minha vida arrebatador com sua Beleza Real. Decidi estudar e aprender sobre meu melhor e mais complexo conteúdo: EU.
Há três anos, “me vejo sendo” uma pessoa melhor porque encontrei uma forma mais simples, leve e firme de me tirar dos lugares ruins e ansiosos dentro de mim, os mesmos que me coloquei a vida inteira. Não significa que eu não volte com frequência a esses cantinhos obscuros, resistentes, empacados e egocêntricos, que desconfio sempre existirão em nós.
Sim, eu ainda grito, buzino, implico, fico triste, ansiosa, desanimada, impulsiva, como carne, devoro panela de brigadeiro e morro de preguiça. Não aprendi a levitar, a meditação ainda é um desafio constante e nem adquiri ares, timbres e trejeitos de fadinha cósmica e delicada. O yoga me ensina a aceitar o que não posso mudar e a mudar o que não preciso mais aceitar. Mostra atalhos para fugirmos e encontrarmos a nós mesmos ao mesmo tempo.
É a prova do líder de cada dia: mudar por dentro, reverberar por fora e entender que a vida só faz sentido e só atinge a Beleza Real se nos encontrarmos na delicada e necessária equação de SER quem somos, SERVIR às pessoas, para, então, SER VISTO no mundo de verdade e digital.
Há 12 anos, no melhor estilo “coelho agitado” decidi perseguir o yoga. Não me arrependo, e recomendo para todos os tipos de corpos e pessoas. Mas se você não quer fazer yoga, eu te convido para conhecer a Agenda 2030 da ONU e a ressuscitar nesse frágil abril, o primeiro da Era de Aquário, sem pressa e sem pausa, a ativista da paz e da sustentabilidade de si mesmo e do mundo, que está sempre aí INFINITAMENTE dentro de VOCÊ.
Lindo sobrinha Yoguy orgulho teu testo💎🙏🏻🌈🌏
Crônica maravilhosa . Foste minha musa inspiradora para eu iniciar o yoga quase um ano atrás . Não é fácil, é uma superação a cada dia, vamos lapidando nossas limitações por dentro e por fora. Vale o sacrifício, pois somos maravilhosamente recompensadas . Parabéns pelo dia de hoje . Bjos prima querida.
Texto inspirador Mari prima amada. Adorei! Suas crônicas são incríveis. Bjoka no coração!
Parabéns!!! Adorei esse belo desafio!!! Amo viajar dentro do meu interior!!! Achei essa experiência linda e fantástica!!! Através da tua viagem,mergulhei em um campo gigantesco…. Obrigada por me levares a caminhos novos! A vida é um Milagre e estamos aqui para aprendermos que o melhor sempre está chegando….. Obrigada querida
Demos muita risada no nosso café da manhã lendo teu relato. Além de divertida e criativa tu és de uma sinceridade encantadora.
Um bj carinhoso dos amigos que te admiram. Os Fogaças.