Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio
Perguntaram qual música da Rita Lee mais me marcou. Logo veio à mente a letra de Minha Vida, versão em português de My Life, uma das canções mais famosas dos Beatles.
Ela foi escrita em 2001, para o álbum Aqui, ali, em qualquer lugar, no qual Rita interpreta diversas músicas dos meninos de Liverpool. Mas eu só ouvi pela primeira vez seis anos mais tarde, quando minha irmã pegou seu diploma ao som dessa canção e despediu-se da universidade.
Era 2007, mesmo ano em que eu terminei o então chamado Ensino Médio. Lembro de contar essa história para o meu marido, Rodrigo, mais de uma vez. “Sabia que a minha irmã entrou na formatura com Minha Vida, da Rita Lee? Foi no mesmo ano que eu saí do colégio. Acho que já te contei isso, né?”. “Sim, já me contou”.
É que, na verdade, embora eu diga lembrar da formatura da minha irmã, sei que a letra de Minha Vida me recorda o fechamento de vários ciclos. Ter terminado o colégio. Ter tido 18 anos. Ter pasado por lugares que me lembram minha vida, por onde andei. As histórias, os caminhos. O que o vento levou e o tempo traz.
Assim percebemos que uma música fez parte da nossa vida: quando ela nos transporta para outro lugar, outro dia, outro ano. Outra idade. E nos emociona. Nos faz pensar em algo distante. Nos desperta saudade. Nos faz pensar: “caramba, quanta coisa eu já vivi”. E nos deixa com vontade de compartilhar isso com outras pessoas. “Essa música, nossa, ela tem um significado muito marcante pra mim…”
Como é bom poder ter memórias tão gostosas de uma artista icônica, irreverente, criativa e necessária. Uma pena que nem todo mundo teve a chance de guardar as boas lembranças de Rita Lee.
Quem me acompanha na coluna Bá experiência vai lembrar que eu e o Rodrigo começamos a fazer hidroginástica em 2021. Compartilhei essa peripécia no texto Falaram do Super Bowl da Rihanna na hidroginástica.
Na semana seguinte à sua morte, Rita Lee também foi assunto por lá. Compartilharam o vídeo da entrevista emocionante que Roberto de Carvalho deu ao Fantástico no grupo do WhatsApp. E uma das respostas me chamou atenção.
“Não assisto Globo. Rita Lee chamava seu câncer de Jair. Ela usava drogas.”
Em sua autobiografia, Rita deixou uma “profecia” sobre os acontecimentos que sucederiam sua morte. Ou, claro, como ela gostaria que sucedessem. Começa assim: “Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta.” Nem tudo saiu tal qual a profecia.
De minha parte, só lembranças boas. E, com a música Minha Vida na mente agora, posso afirmar como profecia uma certeza sobre Rita Lee: não esqueço jamais.
No episódio desta semana do podcast Bá que papo tivemos uma conversa incrível sobre o legado da lendária Rita Lee, com a participação especial do pesquisador musical Tito Guedes.
Falamos sobre os sucessos e as histórias por trás das músicas que marcaram gerações, curiosidades da carreira e também sobre nossa relação pessoal com a obra dessa artista tão maravilhosa.
Ouça agora no Spotify clicando aqui. Para ler outros textos da coluna Bá experiência, acesse este link.
Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio
Foto: Bob Wolfenson