Em um mundo cheio de movimento, informações e uma corrida incessante contra o tempo, a pausa é artigo de luxo. Aliás, algo impensável dentro do cotidiano. Agora mesmo, enquanto escrevo, parei para resolver pendências. Difícil a gente se concentrar apenas em uma tarefa. Minha teoria é de que a forma como vivemos atualmente nos empurra para a beira do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) . Tem que estar muito atento e consciente de onde a gente quer chegar para não cair na tentação de ter múltiplos focos. E essas várias demandas que se entrecruzam nos levam a distintos caminhos e acabamos o dia com a sensação de não ter produzido ou resolvido nada. Ou seja: frustrados e, ainda por cima, culpados.
Existe cura para isso? Uma boa saída pode ser eleger prioridades que nos fazem manter o propósito. E não se deixar fisgar pela armadilha das ações distraídas. No fundo, às vezes, é como se estivéssemos encenando uma peça com um roteiro muito conhecido, que está em cartaz há várias temporadas. Aliás, você já se perguntou se não está fazendo o papel do superocupado, mas adia aquilo que realmente é importante?
Por que é interessante dar uma observada se não estamos no modo autossabotagem ao agir muito, mas sem ter filtro ou critérios. A pergunta antídoto que podemos fazer é: isso me leva para onde eu quero estar? Ajuda a construir a vida que eu quero? Essa resposta é bem preciosa. Nos ajuda a ter uma bússola interna para navegar em dias de nevoeiro.
É nesse momento que a pausa entra redondo. Parar um pouco não significa estar perdida. Muito menos recuar. É só dar aquele tempinho para a gente ver o que realmente é essencial. Não é desistir. É se permitir não fazer por um tempo. É nesse intervalo que verdades e padrões que já não fazem sentido caem por terra. Ou que, então, paramos com aquele esforço todo para um projeto ou relacionamento que não está fluindo e desconfiamos que algo está errado.
Tem uma essência floral que adoro e que uso muito em inícios de tratamentos. É o Rock Water. Esse floral de Bach é feito com água da nascente e ameniza o controle que queremos exercer sobre tudo e todos. Abrir mão e deixar a correnteza te levar pode ser curador. É fluir com a vida, em vez de lutar contra a maré e se afogar ao se agarrar em crenças rígidas, pesadas e ser duro consigo mesmo. É beber da fonte e redescobrir em nós o que ainda não está contaminado por nossas emoções negativas, dificuldades e crenças.
Por tudo isso, não tenha medo da pausa. Ou do que você descobrir desativando um pouco as turbinas. No final, isso pode ser um recurso interessante para quem pretende se encontrar de verdade.
Por Liège Alves, jornalista, terapeuta floral e mestre em rakiram.
Ilustração: Colagem de Liège Alves
Gostei tanto que reli.