Martha Medeiros vive um dos momentos mais livres e plenos da sua vida. Com 31 obras publicadas, as filhas crescidas, mais de um milhão de livros vendidos, sempre com novos projetos à vista e coração ocupado e cheio de amor pelo namorado e advogado Pedro Osório.
Sem o habitual encantamento pela primeira parte da vida, a infância de Martha Medeiros foi feliz, tranquila e bem porto-alegrense, daquelas que não existem mais. De turma de rua, bicicleta e solta no mar, fazendo piquenique nas areias de Torres ou brincando na Fabrício Pillar, prédio que até hoje existe entre a Quintino e a Bordini: “Número 65, apartamento 3, nunca esqueci.” Depois de 11 anos de Colégio Bom Conselho, muitas amigas e amigos são dessa época, o que enche de orgulho a escritora gaúcha: “Claro que tenho outros amigos de várias tribos. Mas acho uma super-honra minhas amizades da infância, todas ainda fortes e operantes. Não só de mandar feliz aniversário no WhatsApp. É amizade de se encontrar. Saber da vida uma das outras. As gurias do Bom Conselho é uma turma mesmo. É maravilhoso ter pessoas perto de ti que viveram a tua vida contigo e foram testemunhas dela. De tudo: casamento, separação, a parte boa, a parte ruim”. Hábito precioso que ela acredita ter a ver com a cultura dos pais, também sempre cercados de turmas de amigos de muito tempo. A primogênita e única menina de José Bernardo Barreto de Medeiros e Isabel Mattos de Medeiros sempre foi meio na dela: “Não era a popular, a faz tudo. Mas também não era bicho do mato. Ia na onda”. Numa onda própria e bem particular, Martha era atenta a toda pequena que a vida lhe oferecia. Segundo ela, desde cedo quis experimentar a maior delas: a aventura de crescer como pessoa. E cresceu. Ouvindo Janis Joplin, Beatles e Astor Piazzolla na eletrola da família, a bordo do Karman Ghia TC do pai, com o único irmão, Fernando: “O pai nos levava no Gigantinho para ouvir uns caras que estavam surgindo… eram os Secos e Molhados!” Por essas e outras que, quando alguém pergunta sobre quais autores foram suas referências, a resposta mistura Monteiro Lobato com Cetano, Jorge Bem Jor com Mario Quintana, Rita Lee com Verissimo. “Nascer na minha família foi uma riqueza grande porque formei ali uma Martha inspirada.” Além da inspiração, outra característica sua é o equilíbrio, ou a total falta dele. Martha gosta: “Sou bem misturada. Consigo ser careta e meio maluca, organizada e preguiçosa, romântica e prática. Não tenho obrigação de me sentir só de um jeito a vida inteira”. Guiam a leonina a aventura e a surpresa, mas isso não foi exatamente um problema nos últimos 20 e poucos anos. Colunista semanal há mais de duas décadas nos jornais O Globo e Zero Hora, a escritora lançou 31 livros no total, entre poemas, crônicas e romances. Vendeu mais de 1 milhão de livros e um deles, Feliz por Nada, está em sua 53ª edição. Liderou listas de mais vendidos no país e arrebatou milhares de leitores brasileiros que também encheram teatros e cinemas para assistir a seus personagens interpretados por grandes atrizes brasileiras. Casou aos 27 anos com o publicitário Luiz Telmo de Oliveira Ramos com quem teve Julia e Laura. Formou-se em Publicidade e Propaganda em 1982 pela PUC, trabalhou em agências, largou tudo e foi morar no Chile para repensar a vida. Voltou já escrevendo para a Zero Hora. Educadamente e respondendo um a um dos e-mails que recebe todos os dias, ela declina de participações em programas de TV, comerciais, convites ou badalações que não tenham a ver com seu universo e que sejam apenas para ver e ser vista. Só isso, não interessa. Ela já foi convidada e aprovada no piloto para integrar uma das formações do Saia Justa, apesar de tentada, aventureira que é, ala intuiu que não era a hora certa de alçar tal voo. O que não quer dizer que a qualquer momento Martha não possa pensar diferente e se atirar sem paraquedas para voo semelhante. Experimentando-se: “Quando surge algum projeto novo, acho uma maravilha. Adoraria fazer apenas isso: dar novos mergulhos que me deixem excitada.” Por isso é que ela amou o deserto de Atacama, adora o Peru e sua cidade predileta é Londres. Ainda quer voltar ao Marrocos de carro e amou andar de balão no México: “Vou realizando os meus sonhos. Tô sempre me atirando com a rede embaixo, não sou de me atirar sem rede. A não ser no amor, daí me atiro no escuto.” E tem rede protetora para o amor? “Vou sem mesmo” (risos). Temos uma energia que não fazemos ideia. Transparece na pele, no sorriso, nos olhos.” Verdade Marthita!
Parabéns musa maravilhosa! Você merece leoa!
Por Mariana Bertolucci
Foto Carin Mandelli