Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio
Não falo da Luísa Sonza. Falo, talvez, de você que me lê.
Quem nunca foi uma pessoa safada, fria, calculista e que meteu o louco? Que achou tudo parecer pouco e ouviu da mãe, do pai ou de qualquer outro adulto: “tu é impossível!”
Quem nunca viveu uma paixão avassaladora, feroz e vulgar? Daquelas que despertam desejos primitivos, capazes de nos colocar de frente com pensamentos assustadores, em sonhos obscuros, nos quais queremos nos alimentar de outra pessoa e nos sentimos subindo pelas paredes?
Quem nunca, no ápice da juventude, se sentiu exausto e um caos em destruição? Nunca ligou bêbado para alguém que não deveria, se declarou, chamou a pessoa para se encontrar? Acreditou viver um romance em cena, quando, na verdade, já sabia se tratar de mais um esquema. Apenas aquela lista de contato de quem come e some, sabe?
Quem nunca teve sonhos confusos e pesadelos que despertaram gatilhos eróticos? E viveu um caso visceral, a ponto de sentir tédio diante da ausência de outra pessoa, e teve vontade de fazer merda, para, propositalmente, esquecer quem é e esquecer a saudade de casa?
Quem nunca se sentiu sem rumo, travado, com medo da vida por encontrar uma paixão avassaladora que assusta? Quem nunca foi cafona no amor para, em seguida, quebrar a cara? E, depois de tudo, se perguntou onde tudo deu errado, quem foi o culpado?
Quem nunca se sentiu preso, sem conseguir sair do lugar, apegado na dor? Com medo do inseguro e dos fantasmas da própria voz? E mergulhou em uma crise de ansiedade, diante do caos dos próprios pensamentos, se achando uma fraude, à beira de enlouquecer, até acordar pra vida e poder, enfim, dizer para o escuro: não tenho mais medo de você. Agora você é quem tem medo de mim.
Enfim, uma pessoa crescida. Até aprender a rir de si mesmo. “Sabe a expressão de se ferrar bonito? Prazer, tá falando comigo”.
A arte de ser uma pessoa nem simples, nem exótica. Nem sagaz, nem idiota. Ser aquela pessoa que tem quem odeie, tem quem goste. Que não é demais, nem pouca bosta. Porque, afinal, essa é a beleza da vida: esquecer a pressa e focar no que interessa.
Eu não sei você, mas eu, Diogo, já passei, já fiz, já senti tudo isso. É por isso que o álbum Escândalo Íntimo, da Luísa Sonza, consegue ser tão tocante. Porque esse é o storytelling da vida.
Pode ser que você pense, ao não concordar comigo: “mas nem tudo isso eu vivi”. Ou: “nada disso aconteceu comigo, sempre fui uma pessoa regrada, no eixo. Tudo bem. Mas aí só tenho uma coisa a dizer: Parabéns por ser uma pessoa toda boazinha, toda do bem, tão galera. E chata paca.
Nesta semana, no podcast Bá que papo, recebemos o especialista em cultura pop Gabriel Mahalem para falarmos do sucesso de Escândalo Íntimo, da Luísa Sonza, as estratégias da Anitta no mercado internacional, Tension da Kylie Minogue, a venda da discografia de Katy Perry, o novo livro da Britney Spears e muitas outras atualizações do mundo da música. Ouça agora no Spotify clicando aqui. Para ler outros textos da coluna Bá experiência, acesse este link.
Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio