Há poucos meses estive pela primeira vez em Israel. Uma passagem muito rápida para celebrar o casamento de duas pessoas que escolheram aquele país para reunir amigos e exaltar o amor. Estive em Tel Aviv (onde foi a festa) e em Jerusalém. Minhas poucas horas em Israel foram intensas e insuficientes. Preciso voltar. Saí de lá com essa sensação, vontade, certeza: preciso voltar. É mais que querer. É necessidade.
A necessidade ficou ainda mais intensa quando recebi as primeiras notícias sobre o ataque terrorista do Hamas a Israel. Os últimos dias têm sido de coração na mão e olhar nas notícias e informações que chegam do Oriente Médio. Pessoas que amo estão lá e isso é devastador.
Mais devastador ainda tudo isso se torna quando vi que algumas pessoas relativizando o ataque terrorista. Eu realmente achei que isso não aconteceria. Me parecia humanamente impossível crer que alguém, em sã consciência, relativizaria o massacre. Pois mais uma vez me enganei. Algumas pessoas tentaram, sim, com veemência, justificar o que os terroristas fizeram. Isso é desumano. Isso nos coloca, humanidade, onde? Não se trata de mais lados opostos, de polarização. Não sei definir onde nós, humanos, estamos.
Não tenho a pretensão, aqui, de discutir séculos de história e conflitos. Me falta conhecimento e vivência para isso. O que quero, aqui, é, mais uma vez, demonstrar toda minha solidariedade ao povo israelense. E, quero, ainda, reforçar a incredulidade diante de posicionamentos relativistas.
Dias difíceis e tensos virão. A violência ganhará escala. Inocentes morrerão. Vidas serão destruídas. E nada, nada disso jamais encontrará justificativa. Não em pessoas de mente sã, com capacidade de exercer a empatia com outros seres humanos.
Políticos (brasileiros e estrangeiros) que relativizaram esse atentado terrorista me aprecem estar gravemente doentes; foram contaminados pela polarização e pelo radicalismo; estão em estágio irreversível de miopia social. O que me assusta? Saber que o Hamas mostrou o quão longe essa doença pode ir.
O povo de Israel é resiliente. Vai superar mais essa guerra. Ficarão cicatrizes profundas, por certo. Lá e em todos os cantos do mundo, afinal, quem não se machucou diante dos ataques relativistas que tentaram abertamente defender o Hamas?
Por Flávia Moreira, jornalista
Obrigada pelo texto sensível e que neste momento traz um alento na forma de apoio.