Hoje, 26 de outubro de 2023, é publicado o texto número 47 desta coluna. Mesma data em que este texto está sendo escrito.
Na maioria das vezes, escrevo com dias de antecedência. Esta semana, porém, não deu. Por conta disso, vários sentimentos autodestrutivos foram despertados. Culpa, angústia, ansiedade. Tudo com um julgamento depreciativo de mim mesmo. Fico pensando que houve falta de comprometimento, de organização, de agilidade, de senso de prioridade.
E esses sentimentos não são culpa do compromisso de escrever aqui toda semana. Muito pelo contrário. Ter este espaço para organizar pensamentos, transbordar sensações e exorcizar sentimentos é muito bom. Catártico. Tiro um peso das costas toda a semana, como se houvesse um monte de coisas que eu precisava colocar pra fora e nem sabia. Além disso, sentir angústia não é exclusividade dessa tarefa aqui.
Faz algumas semanas que, do nada, penso que não fiz o bastante. Ou que fiz pouco. Ou que fiz muito, mas nada está bom. Contudo, caiu uma ficha hoje. Não sou eu. O mundo não tá legal. Há muita gente se sentindo esquisita. E não sou eu quem está dizendo.
“Nossos cérebros são projetados para procurar ameaças para nos proteger de perigos potenciais. Ver imagens e notícias de tragédias, como uma guerra, pode levar a uma análise constante e quase imparável das notícias para ajudar a nos preparar para o pior. Entretanto, diversas pesquisas mostram que mesmo uma breve exposição a notícias ruins pode levar a níveis aumentados de estresse e ansiedade. Essas notícias também podem perpetuar o pensamento negativo, o que pode fazer com que a pessoa se sinta presa num ciclo de angústia”.
Esta fala é do psiquiatra Rodrigo Martins Leite, professor colaborador do Instituto de Psiquiatra da USP (IPq), que retirei desta reportagem de O Globo.
Ou seja, é extremamente natural que eu e outras pessoas (talvez você) estejamos nos sentindo um pouco desolados nas últimas semanas. Sobretudo com a cobertura ampla do conflito, chega até nós pela televisão e pelas redes sociais.
Coincidentemente, esta semana foi lançada a 7ª temporada da série espanhola Elite, cujo recorte foi saúde mental. Uma pena ser uma das piores, por faltar humor e o mistério sobre algum crime, do qual já se daria pistas desde o primeiro episódio, como ocorreu nas temporadas anteriores.
Sempre foi uma série envolvente, com uma investigação policial em curso para desvendar quem tinha morrido e quem matado a vítima. Desta vez, no entanto, com um roteiro fraco, a série decepcionou e muito.
A cantora Anitta faz uma participação bem pequena, porém com uma atuação impecável ao viver a Jéssica, uma professora de defesa pessoal que convence Sara (Carmen Arrufat) a aprender as técnicas para se proteger de um relacionamento abusivo.
Tem também a volta do personagem Omar — interpretado pelo seu xará, o ator Omar Ayuso — que precisa de terapia para superar o trauma de ver o amigo Samuel (Itzán Escamilla) morrer. A Chloe, uma aluna nova do colégio Las Encinas que tem compulsão sexual para lidar com problemas pessoais. E Eric (Gleb Abrosimov), o primo do Nico (Ander Puig) que precisa tomar medicamentos para o que parece ser transtorno de bipolaridade.
Embora seja um tema importante, a 7ª temporada de Elite, como já mencionei, deixou a desejar. Assim como muita coisa no mundo tem me desapontado, principalmente as notícias e desdobramentos do conflito entre Israel e Palestina. A guerra em si e o quanto, aqui no Brasil, muitos estejam tentando capitalizar politicamente, relacionando posicionamentos de esquerda e de direita com ser a favor ou contra o terrorismo. Coisas que pra mim não fazem sentido.
Para melhorar o astral, assim como eu preciso, assista Ilhados com a Sogra. Tá na Netflix e é superengraçado.
E desculpe o desabafo.
Nesta semana, no podcast Bá que papo, falamos sobre a Ilhados com a Sogra, sobre a 7ª temporada de Elite e sobre como as notícias do mundo tem afetado nossa saúde mental.
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Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio