Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio
A expressão ‘fazer mea-culpa’ significa uma confissão. Assumir a responsabilidade por um erro ou mal praticado.
Quando lembro da princesa Diana, penso sobre o papel da mídia no desfecho trágico de sua última passagem por Paris. Natural para quem é do jornalismo. Acredito, no entanto, que a culpabilização da imprensa venha de todas as pessoas, não apenas de quem trabalhe nela ou, pior, de quem a detesta.
Embora a indústria de notícias sobre famosos seja retroalimentada por quem a consome, produzindo demanda que justifica a oferta, não tem como tirar a responsabilidade da mídia nesse caso. Ainda mais ao recordar que três dos fotógrafos que perseguiram o carro no qual estavam as vítimas fatais — o motorista Henri Paul, Lady Di e Dodi Al-Fayed — ao se depararem com o veículo batido no túnel, apontaram suas lentes para registrar a cena do acidente.
Foram, inclusive, julgados por isso, no processo movido pelo pai de Dodi, o Mohammed Al-Fayed, apesar de as fotos nunca terem sido publicadas. Acabaram inocentados. Tem como não se revoltar com a imprensa em uma hora dessas? Não tem como.
Todas as vezes que tive dúvidas sobre fazer ou não jornalismo, o motivo que me fazia desconsiderá-lo era o fato de depender de outras pessoas para fazê-lo. Jornalistas contam histórias reais e noticiam fatos. E sem personagens não existe narrativa. Precisamos de contato, de conversa, de acesso ao outro, às fontes, aos envolvidos no que julgamos ter importância o bastante para se tornar público. É um papel social bonito. Mas a que custo?
Sempre considerei isso como um ponto negativo porque não suporto gente no meu pé. E, às vezes, para verificar uma informação; entrevistar o artista ou a personalidade que tem sua importância para o mundo ou para um grupo de pessoas; e para falar com uma autoridade que deve satisfação pública, por exemplo, precisamos ficar no pé de muita gente. Com uma dose de insistência e inconveniência às vezes. O jornalismo tem dessas.
O bom jornalismo, porém, nada tem a ver com a perseguição. Assédio. Obsessão. A princesa Diana foi uma das mulheres mais procuradas pela imprensa no mundo. Passou seus últimos momentos de vida fugindo de um grupo de paparazzi que venderia suas fotos para tabloides.
Nesse aspecto, a sexta temporada de The Crown acertou. Em relação aos últimos meses de vida de Diana, e às circunstâncias de sua morte, ao jornalismo/mídia/imprensa, enquanto instituição social, só resta resta uma coisa a fazer diante disso. Mea-culpa.
No podcast Bá que papo desta semana, nos juntamos ao convidado especial Gregorio Martins para discutir a primeira leva de episódios da sexta e última temporada de The Crown e sobre a família real britânica.
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Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio