Meu balanço de fim de ano: o que aprendi com a Ivete Sangalo
Em cerca duas semanas, mais um ano terá terminado. É hora, então de balanços. Necessários, eles nos ajudam a pesar os acontecimentos e o que vivenciamos. Erramos? Acertamos? Mudamos? Crescemos?
Meus balanços de fim de ano geralmente começam no início de dezembro, quando faço aniversário. Lá nos primeiros dias do último mês de cada ano eu paro, respiro e analiso. A cada ano isso se tornado mais profundo. E ontem, assistindo a uma entrevista de duas horas com uma cantora que acompanho há 26 anos, fiz um balanço de algumas décadas.
Desde 1997 sou fã de Ivete Sangalo. Era início da carreira dela. O axé estava, pelo que lembro, estourado. Naquele ano fui ao primeiro show e encontrei, depois, no hotel com aquela figura carismática, simples, despojada. Tenho autógrafo e a foto até hoje! Desde lá, já fui em alguns shows, subi no palco, Ivete desceu do palco para falar comigo numa edição do Planeta Atlântida. Uma vez, em 1999, minha irmã não podia ir ao show dela em Santa Maria por questões de saúde e Ivete a chamou para acompanhar o show do palco. Minha mãe e ela, naquela tarde quente de verão em Santa Maria, conversavam como se fossem velhas conhecidas.
Daquela época, lembro de ouvir de um professor meu que era triste uma aluna tão boa quanto eu ser fã da Ivete. Sábio era ele, fã de Bom Jovi. E aqui chego no balanço que fiz ao assistir a entrevista da Veveta pro QUEM PODE, POD.
Ela me mostrou a Bahia. Já bastaria. Ela me apresentou Stevie Wonder. Ela me contaminou com o amor e admiração e respeito infindáveis por seu Gilberto Gil. Ela me mostrou o caminho de ancestralidade presente na música brasileira. Eu escutava uma música na voz dela, amava e ia mostrar para meus pais. Eles diziam: “isso não é novo, Flávia”! E lá ia eu buscar as músicas originais.
Mas o mais impressionante de ser fã de alguém por quase 30 anos é ver que essa pessoa é um ser humano f*&#. Que olha para o outro e o enxerga, que se importa, que trabalha, que batalha. Que preserva sua família, que mede as palavras porque sabe o impacto e o alcance do que fala.
Meu balanço me encheu o coração porque percebi que, de alguma forma, trago em mim um pouco da Ivete. Essa mulher foi formando muita gente ao longo desses anos sempre o fez com muita responsabilidade e liberdade. Autêntica. Dona de si. Não tem mentira ou maldade. Diz o que pensa. Eu diria um milhão de coisas sobre ela. Mas o que mais posso dizer é um grande muito obrigada. Ser exemplo de humanidade em tempos tão sombrios é uma das formas mais generosas de tratar um igual. Meu balanço, então, virou desejo para 2024: ir a um dos 30 shows que celebrarão os 30 anos de carreira da Ivete, reencontrá-la e conseguir falar (porque sempre travo com ela, embora disfarce bem): muito obrigada por ser tão Ivete e por ser exemplo tão massa. Porque conheço muita gente que não gosta da música dela, mas dela… rapaz, não tem como não gostar!
Que venha 2024 no ritmo da alegria, da celebração e, sobretudo, da humanidade em nossas vidas. Por Flávia Moreira , jornalista