CALITO DE AZEVEDO MOURA

Descendente de alemães por parte de mãe, Calito de Azevedo Moura é arquiteto e professor de Arquitetura e Urbanismo, com atuações na Universidade de Brasília e na UFRGS. E também um exímio colecionador. A coleção Azevedo Moura começou a se formar em meados dos anos 1960. Com um olhar erudito e atento, Calito privilegiou dois fatores em suas escolhas para o conjunto, que batizou de Desenho Anônimo; a expressão estético-formal dos objetos e a busca de variedades dentro de uma mesma tipologia. Em cartaz até 14 de julho no Grande Hall do Farol Santander Porto Alegre, a exposição Artefatos do Sul: Legados da Imigração alemã e italiana foi desenvolvida pela LT Arquitetura e Design, das arquitetas e designers Ana Luisa Cuervo Lo Pumo e Maria Cristina Cuervo de Azevedo Moura, a Tina, sua mulher e mãe dos seus filhos Lucas, Bento e Vitória e avó de dois netos. Escolhida para assinar a mostra que celebra os 150 anos da imigração italiana no Bra s il e o s 200 ano s da alemã no Estado, a reconhecida curadora e historiadora de design Adélia Borges selecionou 950 obras em diferentes materiais e técnicas, produzidas desde a segunda metade do século 19 até as primeiras décadas do século 20. Sob a competente organização e produção da Expomus – Exposições, Museus e Projetos Culturais, as obras foram selecionadas a partir do acervo de cerca de 6,5 mil itens que Calito reuniu ao longo de cinco décadas em solos gaúcho, catarinense e paranaense. A coleção é um panorama abrangente do cotidiano, de móveis e ferramentas de trabalho até utensílios domésticos, fotos antigas e cartões postais. Mobiliário afetivo que é um precioso e acurado recorte que testemunha o povoamento e o desenvolvimento do Sul do país. Auguri & Freude!

Você começou a juntar esses objetos planejando já esse registro histórico?

Há 60 anos junto coisas que aprecio. Nunca tive a intenção de fazer um registro histórico, mas acabou se tornando um recorte importante e sempre foi uma paixão recolher objetos daquilo que achava pertinente. Sempre com um olhar muito focado no estético e na função, na refunção de um mesmo objeto. Nessa curiosidade que é a iniciação de um outro objeto dependendo da mão de quem faz. Então foi acontecendo. Épocas eu comprava mais, outra menos. A Tina, minha mulher, me acompanhou em muitas viagens aos pequenos antiquários. Outros nem tão pequenos. Sempre foi uma busca por esses objetos.

A paixão pelas portas tem algum motivo especial?

Um encantamento pelas portas das casas demolidas. Garimpá-las era uma forma de preservá-las na sua diversidade de cores e desenho e evitar a dispersão das mesmas. Esse conjunto de portas preservadas dão uma mostra dessa riqueza cultural.

E o deslumbramento das pessoas diante a exposição. Esperava toda essa aceitação?

Eu fiquei muito encantado de ver as peças em forma museológica. Eu acho que as pessoas se deslumbram porque é uma coleção que mexe muito com os afetos e as memórias. Mesmo não tendo descendência alemã e italiana são, as peças são na sua maioria, do cotidiano, do dia a dia e também tem a questão afetiva mesmo. Olha o caso dos cavalinhos. Quem não tem uma lembrança e não se emociona recordando?

Como arquiteto, urbanista e um olhar afiado para a arte, esse registro é precioso, não é? A Expo vai percorrer outros lugares?

Pergunta difícil essa. Nesse momento acho precipitado pensar no futuro do acervo. Estou tendo a satisfação de ver as pessoas tão entusiasmadas com essa mostra. O importante é manter essa coleção na sua íntegra. Estou curtindo muito esse momento.

Qual o futuro desse acervo?

O Lucas – meu filho que é o designer gráfico da exposição, é extremamente interessado nisso. A Vitória minha filha também é interessada. Acredito que eles possam dar continuidade.T

GABRIELA MELZER

Aos 25 anos, relembrando os primeiros sinais de conexão com as artes plásticas, Gabriela Melzer conta que, desde muito criança, a arte está presente em sua vida e rotina. Sempre teve muito interesse e intimidade com o fazer artístico. Foi orgânico e natural seu encontro com seu dom para as artes visuais: “Aconteceu. Minha família, principalmente mãe e avó perceberam e me incentivaram sempre com tintas, pinceis, argila, canetinhas, de tudo um pouco, eu desenhava o tempo todo.” Natural da capital gaúcha, Bé, como é carinhosamente chamada pela família e a turma de amigos, vive e trabalha em São Paulo. Na temporada em que morou em Nova York, aprimorou sua técnica de pintura e desenho estudando na New School e Art Students League of NYC. Movimento fluido e cor marcam seu trabalho vívido, naturalmente contemporâneo e em permanente transformação. É no seu entorno natural e humano, que busca ressignificar e dar vida a elementos internos e inspiradores, criando paisagens oníricas de formas densas, intensas e arredondadas em um ballet de tons e fluxos orgânicos reveladores e belíssimos. Entre as exposições que já participou, destacam-se: Lux Feminae (Coletiva, Por Olivia Zabludovicz e Lily Cohen, Nova York, 2022); So Show (Coletiva, São Paulo, 2022). Quando pergunto quando Porto Alegre vai conhecer essa artista, ela diz: “Eu amaria expor em Porto Alegre, minha cidade natal pela qual tenho tanto carinho. Quem sabe no futuro?” Sem dúvidas.

Como entrou em contato com a arte e decidiu se tornar artista profissional?

Desde pequena experimentava todos os materiais, o que me permitiu explorar meu interior de diversas formas para caminhar para o universo da estética do meu trabalho hoje. Me assumir como artista profissional foi uma difícil porque eu sabia que precisaria mostrar para o mundo algo extremamente íntimo, um ato de coragem que todo artista tem que bancar. Percebi que era o caminho, nada faria mais sentido dentro de mim.

Como é o teu processo de inspiração e criação?

A natureza me inspira mais do que qualquer coisa, não só a fauna e flora, mas a humana, o sonho, o pensamento. Quanto mais convivo com pessoas e culturas diferentes mais me inspiro. Viajar ajuda muito nesse processo. O fazer artístico é como a respiração, tem que viver, absorver o mundo, viajar, explorar a si, para depois voltar para dentro e conseguir transformar e traduzir tudo isso.

Qual a sensação de tocar alguém com a arte? O que te fascina mais no processo criativo?

É indescritível. Não vou me acostumar nunca. Uma mistura de sentimentos, como se o outro enxergasse uma parte sua vulnerável (no melhor sentido da palavra) e encontrasse em si essa parte, criando um elo entre você, a obra e o mundo. Me fascina é infinitude de possibilidades que podem surgir daquele trabalho. Cada obra tem vida própria e suas particularidades, me surpreendo toda vez.

Que pequena coisa você faria para tornar o dia de alguém melhor?

Eu tenho uma regrinha que levo sempre comigo: nunca ter medo de ser gentil. Se eu gosto de algo, falo sem pensar duas vezes. Não ter medo de trazer uma pequena luz no dia de outra pessoa.

Há algo que você sonha fazer há muito tempo? Por que você não fez isso?

Sonho com uma exposição individual, acho que quase todo artista sonha com isso. Mas é um com- promisso grande, requer tempo e preparo. Se me proponho a fazer algo, dou meu melhor. É preciso sentir que é a hora certa para esse compromisso. Acredito que esse momento vai chegar logo.

Artista que te inspira?

São tantos. Mas acho a Leda Catunda genial. Hi- eronymus Bosch é um pintor do século XV, à frente do seu tempo com seu mundo fantástico e controverso. A relação de Bruno Dunley com a cor é muito pura e inteligente.

Algum projeto já em vista?

Participei da Liquen Teso, uma coletiva feminina na galeria Galatea, em SP. Foi um sucesso abso- luto. Fazemos um trabalho muito bacana juntos, admiro muito os profissionais da galeria. Tenho alguns projetos que já estão saindo do papel, mas isso só vou contar quando acontecer.

NOTAS DA SEMANA

FREUD, EXPLICA?

Dirigido por Elias Andreato e estrelado por Odilon Wagner (indicado como melhor ator ao Prêmio Shell, Prêmio APCA e Prêmio Bibi Ferreira por este trabalho) e Marcello Airoldi, A Última Sessão de Freud volta ao Theatro São Pedro nos dias 19, 20 e 21 de abril. O texto é do autor americano Mark St. Germain, e fala sobre o encontro fictício entre Sigmund (Odilon Wagner) o pai da psicanálise, e o escritor, poeta e crítico literário C.S.Lewis (Marcello Airoldi), dois intelectuais que influenciaram o pensamento científico filosófico do século XX. No gabinete de Freud, na Inglaterra, eles falam sobre Deus, sentido da vida, sexo, natureza e relações humanas. O espetáculo tem 90 minutos e é recheado de humor, ironia, sarcasmo, sagacidade e a escuta como ponto de partida para uma boa conversa. Nada mais inspirador para os dias atuais.


IGUALDADE NA PREMIAÇÃO

Pelo quarto ano consecutivo, acontecerá o Saquarema Surf Festival. Em memória a Leo Neves, o evento começa hoje e vai até o dia 21, em Itaúna (RJ) e vale a segunda etapa do Circuito Banco do Brasil de Surfe. Com categorias masculina e feminina, tem o princípio de igualdade na premiação. Na disputa, dois representantes da Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris: João Chianca, o Chumbinho, natural de Saquarema e atual Top 4 do ranking mundial, e a catarinense Tainá Hinckel, campeã do Saquarema Surf Festival 2023 e atual campeã sul-americana de 2023/2024. Desde 2021 se destaca o trabalho que vem sendo realizado pelo Centro de Treinamento Leo Neves (surfista carioca falecido em 2019, bicampeão brasileiro) que atende gratuitamente atletas iniciantes e profissionais entre 10 a 20 anos.


VERTER VERDE

Será aberta amanhã (16), às 18h, no Espaço Maria Lídia Magliani da Casa de Cultura Mario Quintana a exposição Verter. São obras de um coletivo formado por seis artistas que tingiram a água da CCMQ de verde por um dia e fizeram registros fotográficos e audiovisuais. O projeto foi realizado pelas artistas Andressa Cantergiani, Anna Ortega, Cristina T. Ribas, Érica Saraiva, Manoela Cavalinho e Raquel Brust e pretende abordar os direitos reprodutivos por meio da arte, focando na maré feminista que impacta a América Latina. Fiquei curiosa.


MPB CONTEPORÂNEA

Novíssimo talento da MPB, o cantautor e multiinstrumentista Will Santt se apresenta no Instituto Ling na quinta (18/4) às 20h. Com apenas 21, bombou nas redes com versões para João Gilberto, Tom Jobim, Caetano Veloso e Gilberto Gil. No palco além das releituras, o repertório autoral do álbum Meu Caminho (2023), que já o levou a duas turnês na E u ro pa. De cantar s u a ve e contemporâneo, sua musicalidade bebe na fonte dos artistas que revolucionaram a MPB. A faixa título Meu Caminho foi escrita para Caetano. O músico Roberto Menescal e o produtor musical João Marcello Bôscoli não economizam elogios para Santt.


DEUTSCH

O Centro Cultural 25 de Julho de Porto Alegre realiza hoje (15/4), às 19h30min, a palestra Os Mercenários do Imperador, em homenagem aos 200 Anos da Imigração Alemã no RS. Ministrada pelo jornalista Olavo Fröhlich, é o segundo encontro do ciclo de conferências Colóquios da Imigração. Para o próximo mês, está confirmada a palestra Mulheres na Imigração (20/5) com Scheila dos Santos Dreher. Seguida das conferências A História da Imigração Alemã (17/6), Aspectos da História da Imigração de Falantes de Língua Alemã (8/7), ambas com Martin Norberto Dreher; A produção em Belas Artes no RS por germânicos e teuto-riograndenses, (19/8), com José Francisco Alves; Jornais em língua alemã editados no RS: ainda existem e onde estão? (21/10) com Isabel Cristina Ahrend, e Lendas e Mitos da História da Imigração Alemã (18/11) com Décio Aloísio Schauren. O ingresso é a doação de 1kg de alimento não-perecível.


TELONA LOVERS

A Cinemateca Paulo Amorim está com inscrições abertas para o curso sobre História e Linguagem do Cinema Internacional, do jornalista e pesquisador Danilo Fantinel a partir de quinta (18/4). O curso terá 26 encontros e abordará a história do cinema e da linguagem audiovisual sob diversos aspectos artísticos, estéticos e técnicos. As aulas serão realizadas de forma híbrida, on-line nas quintas-feiras à noite e presencialmente aos sábados pela manhã na sala Eduardo Hirtz. O programa é demais! Espia tudo no @cinematecapauloamorim.

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O MuleBule festeja suas duas décadas de sucesso recebendo cerca de 350 convidados no dia 18 de abril, na Casa NTX. Sob a batuta de Nelson Ramalho e Adelar Kleinert Jr., o MB já realizou cerca 10 mil eventos empresariais e corporativos. A festa terá trilha sonora do Lê Araújo e da banda Motherfunky.


Cintia Moscovich inicia na terça (16/4) mais uma Oficina do Subtexto. As aulas são via Zoom, sempre às terças-feiras, das 18h30min às 20h30min. Tem livro publicado no final do curso e você pode se informar e se inscrever no cintiamoscovich@gmail.com.


O antigo terminal do Aeroporto Internacional Salgado Filho, será a nova sede da CASACOR RS de 6 de setembro a 3 de novembro. A mostra ocupará 5.400m2 do térreo do prédio de 1953, onde fica a obra A Conquista do Espaço, de Aldo Locatelli e dos artistas italianos, Emílio Sessa e Attílio Pisoni.


Começa na próxima quinta-feira (18/4) a 11a edição da Mostra Noivas. Com desfile exclusivo, atrações e mais de 100 expositores no Centro de eventos BarraShoppingSul.


Tá bonita a Mostra de arquitetura Black Home Sul no Iguatemi Porto Alegre. A exposição fica aberta para visitação até o dia 27 de maio, apresentando novidades da arquitetura, decoração e design.


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