Você me decifra
Desvenda os valores da minha cabeça
E desvaloriza os indexadores do nosso sangue
Nosso sangue e suor já sabemos de cor a quem não entregar
Os meus passos tremulam a bandeira das minhas batidas
Frases batidas
Catastróficos pensamentos
Fluir de verbos atrapalhados
Não temos verba nem vontade de voltar
Que horas fecha?
Quanto é a ceva?
Qual a marca? DIABO!
Macabra armadilha
Queijos na tábua e bolas na tabela
A dureza desse mastigar cansado
Os meus dentes já não doem
Eu não os tenho
Porcelanato para os porcos
Gravatas ao chão
Chão de chá na Pérsia não está
Bola açucarada
Nariz arrebitado arrebentado refeito
Pitanguy pitangueira pra mim Antônio Pitanga
A base dos meus dedos toca a mesma canção
Tímpanos estourados
Van Gogh chorando
A máscara caída
O final é inevitável
Sou o imbrochável ao contrário
Nunca levanto do meu berço esplêndido
Frenético
Notório
Estúpido
Espúrio
Infatigável
Ininteligível
Hermético
Sorumbático
Misterioso
Clichê
Um mentiroso vendendo verdades pra você não escutar
Rodrigo Ramos, jornalista e escritor
Imagem: Pixabay