Ainda Estou Aqui, o filme. Ainda estou aqui, eu, escriba, pensando, refletindo, remoendo as ideias. Desde 5 de janeiro de 2025, quando houve a premiação do Globo de Ouro, ainda estou aqui, meditando e repensando como render homenagem ao cinema nacional.
É o receio, o medo de incrementar a tanta polarização que já se formou em torno do tema tratado, a ditadura militar. Não quero incitar mais clamores, insultos, divisões, e toda a sorte de agressões.
Passados os dias, passado um mês, chegados os prêmios, os tantos, os louvores, as críticas, próximo do tão aclamado e esperado Oscar, dou, enfim, azo ao meu pensamento. Não criei a polêmica, não
posso evitá-la, nem vou desfazê-la. Avante Maria Alice, que gaúcho não arrefece.
A supremacia da Arte me inspira. No momento, estou em reverenciar a sétima arte, a obra de Walter Salles, o filme Ainda Estou Aqui, extrato do livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva.
Começo pela composição familiar; a prole, na qual destaco Valentina Herszage, atriz que tão bem encarnou a apresentadora Hebe Camargo, quando adolescente, na minissérie da rede Globo. No
filme, é a filha mais velha, maravilhosa em sua atuação, na candura, na indagação, no temor e na solidariedade. Logo, a que segue, a do meio, a mais nova, o pequeno, todos numa interpretação cativante e
fiel, do elo, da união entre os irmãos.
O pai, Selton Mello, iniciou a carreira de ator aos 10 anos, caiu no esquecimento por mais tanto.* Neste ínterim, foi para a dublagem, a escrita, a direção e a produção. Voltou à televisão aos 18 anos, retomou sua vocação nata e tem nos presenteado com atuações consagradas pelo crítica e pelo público. O próprio Selton, em seu livro
“Eu Me Lembro’* diz que no filme Ainda Estou Aqui ele é o que não está, o que desaparece, a lacuna. Nunca vi lacuna tão bem preenchida, tão alicerçada, de sentimento, de emoção, de alegria e de tristeza.
Tudo minimamente encenado ao máximo, no gestual, no olhar, na palavra, Selton é a prova de que menos é mais. O pai de familia, da familia Paiva, atento, generoso, bem humorado. Selton Mello interpreta no sumiço, no vazio, sua ausência é o mote do filme. Selton ama o silêncio, – e como eu o compreendo. No silêncio, nutre e abastece a carga emocional dos seus personagens, posso apostar. Bravo Selton Mello!
A mãe, Fernanda Torres; Fernanda é purpurina, pluma e paetê. É brilho, ouro, é Globo de Ouro. Arrebatou o prêmio de melhor atriz de cinema, na categoria drama, na 82ª cerimônia do Globo de Ouro. Já fora premiada em Cannes, ao ganhar, aos 20 anos, a Palma de Ouro de melhor atriz, pelo filme Eu Sei que Vou Te Amar. Está no topo, é star.
Gestada pela outra Fernanda, a Montenegro, nossa atriz maior, a Torres rebentou, germinou, desabrochou e, no atuar, dá banho de interpretação. Com Eunice Paiva, a fusão atriz/personagem é perfeita, é cara e coração, corpo e emoção, é a dona de casa simples e alegre, a detida tomada de pavor, a estudante, o arrimo, a ativista. Holofotes dos grandes festivais estão voltados para Fernanda Torres, iluminando a atriz brasileira, atriz de primeira, da comédia ao drama, interpretação irretocável. Elegante, distinta,
imponente, predicados não lhe faltam para mostrar ao mundo a excelência dos nossos atores.
Bravo Fernanda Torres!
O diretor, Walter Salles, sem o qual nada estaria acontecendo, orgulho do cidadão brasileiro, nato, naturalizado, adotado, importado. Porque o triunfo é do Brasil, a glória é do cinema nacional; a ovação durante dez minutos no Festival de Veneza, em setembro de 2024, dava indícios do que viria a seguir, premiação por todo o lado, de norte a sul, de leste a oeste. O filme Ainda Estou Aqui ultrapassou a marca de 5 milhões de espectadores e concorre aos Oscar em três categorias, Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz.
Com Central do Brasil também estávamos lá, na disputa pela estatueta, reconhecimento ao cinema brasileiro. Walter Salles, a quem tive a oportunidade de conhecer, em Paris, na FnacTernes,
quando da divulgação do livro Na Estrada – O cinema de Walter Salles escrito pelo jornalista Marcos Strecker. Walter é culto, inteligente, amável, fala mansa, sorriso no olhar apertado.
Considerado um dos maiores cineastas brasileiros de todos os tempos pela crítica internacional, exala brasilidade, tão bem retratada na sua filmografia.
Em Ainda estou Aqui, o Brasil está na praia, na orla, na cidade, na casa, na música, Juca Chaves, Erasmo Carlos. A década de 70 tão bem caracterizada, no vestimental, na ambientação, na linguagem, no ar, no mar. Bravo Walter Salles! Aos prós, aos contra, aos indiferentes, eu ouço aplausos ao cinema brasileiro….são aplausos o que ouço, muitos aplausos, aqui e alhures.
Maria Alice Ripoll Punta del Este, 24 de fevereiro de 2025
Que incrível, é claro que fiquei ainda mais com vontade de assistir ao filme Ainda Estamos Aqui. Moro numa cidade pequena, mas já estou me organizando. Querida prima escritora, a sutileza, os pequenos detalhes trazidos no texto, as exclamações no tempo certo, inspiram a correr ao cinema!
Parabéns querida amiga. Mais uma vez me sinto presenteada com a leitura deste texto escrito com muita leveza e percepção. Aprendo muito contigo.
💛💚💛💚❣️
Olha és uma pessoa especial,as pessoas esqueceram de ler, de escrever coisas interessantes, obrigado pelo tempo que dedicaste a esse texto, isso é para poucos, essa dedicação é especial, como falei, és icônica,abraço nosso vizinha.
Gracias!!
Muito bom minha amiga, magnífico. Grato por compartilhar conosco.
💚💛💚💛
Minha Amiga ESCRITORA,
a cada crônica revelas esse teu dom tão especial. Nos proporcionando momentos de leitura agradável, com leveza , e sobre assuntos tão interessantes.
Muito Obrigado pelo presente.
Parabéns Parabéns
Quando me tratas de escritora, me enches de brio. Quando me tratas de amiga, me.enches de afeto! Como é bom.
Parabéns pelo excelente texto. Amei como explanastes todos os personagens, com tua percepção deu para também sentir a grandiosidade da história.
Obrigada Graça pela atenção e sensibilidade! Bj
Que texto bem escrito!!! Tua analise feita com riqueza de detalhes me fez querer rever o filme!!!
Parabens duplos pelo dia de hoje e pelo belo trabalho !!!
Malice. querida, teus escritos são doses homeopáticas da mais extraordinária e refinada literatura. E tua louvação ao Ainda Estou Aqui – marcando os intérpretes dos personagens, o diretor, o escritor que ofereceu o relato de um dos episódios, dos tantos e tantos ocorridos nos anos de chumbo – exalta Fernanda, exalta Selton, exalta Walter e, o mais importante, exalta os talentos artísticos a serviço da sétima arte. E eu celebro, também, a vida e a obra de Eunice Paiva, a exemplar mulher retratada na tela grande.
Leitora atenta e sensível. Obrigada pelo comentário tão preciso e enriquecedor! 💚💛
Prima Margarita, o que posso dizer, além de agradecer as gentis palavras? Te organiza e corre pro cinema. Bj
Ameiii
Impressionante teu olhar a respeito de um tema tão desço de forma tão esclarecedora , rica e salientando a real importância dos conhecimentos históricos
PARABÉNS PARABÉNS
Orgulho Amigona
Bjs e Abraços
💛💚💛💚
Como sempre ao ler teus textos me envolvo profundamente no tema, tamanha a capacidade de transmitir detalhes com sutileza e delicadeza.PARABÉNS minha amiga, aguardo ansiosamente a oportunidade de assistir esta obra de arte que acabas de me presentear belos detalhes!
Obrigada pelas gentis palavras minha amiga querida! 💚🩵💚
Independente do resultado do Oscar, “Ainda Estou Aqui” já é um vencedor. O cinema brasileiro está sendo aplaudido por plateias ao redor do mundo, e o reconhecimento de nossos artistas internacionalmente vale mais do que qualquer prêmio.
Maria Alice, obrigada por mais essa crônica, que traduz com beleza e poesia as imensas qualidades desse filme. Apesar de retratar um dos momentos mais sombrios da nossa história, ele é, simplesmente… lindo.
Como apreendeste com exatidão a mensagem do texto. Vva o cinema brasileiro 💚💛
Malice, amiga querida, parceira na platéia de Ainda estou aqui! Teus textos são como doses homeopáticas de extraordinária e refinada literatura.
Muito bom minha amiga, magnífico. Grato por compartilhar conosco.
👏👏👏
💚💛💚💛