Criativa e amorosa desde pequena, a porto-alegrense Denise Sabino Villanova é mestre em Cultura Britânica, com ênfase em Educação e Política pela Leibniz Universität Hannover, na Alemanha e também em Cultura Francesa, com ênfase em Literatura e Filosofia, pela mesma universidade alemã. Doutoranda em Literaturas Estrangeiras Modernas, com ênfase em Literatura Hispânica pela UFRGS e palestrante. A paixão pela linguagem e as palavras é em vários idiomas e bem antiga. Antes dos 8 anos, a pequena Denise já falava mais de uma língua: “As palavras têm um sentido que vão muito além das formas das palavras. Sinto como algo muito mágico e dependendo da maneira como usamos, o tom, o gesto, elas assumem outros sentidos”.
Denise já participou de quatro obras coletivas, além de também ter feito parte de publicações internacionais. Ela também é cronista semanal há 4 anos do jornal O Dia, de Teresina, PI e desde 2022 colabora semanalmente com poesias e matérias para o jornal TV RJNews, de Belmonte, Portugal. Hoje (24/7), ela recebe os convidados para a sessão de autógrafos e bate-papo sobre sua primeira obra solo, o livro Psicopata familiar – Perigosamente perto de você. O evento literário se realizará das 17h às 22h, na Livraria Paisagem, que fica no Moinhos Shopping (Olavo Barreto Viana, 36). A obra de 192 páginas é livremente inspirada em vivências observadas no entorno da autora em diversas situações ao longo da vida. A obra da autora, que tem formação em letras e literatura, é a realização de um sonho antigo: “Sempre tive a escrita e a criação artística presentes na minha vida. Embora eu goste muito da minha carreira de educadora, a literatura sempre esteve no meu destino.”
Durante a intensa narrativa, a autora conduz os leitores com agilidade e riqueza de detalhes pelo universo dos conflitos humanos e que facilmente podemos constatar em situações cotidianas e não raro vivenciamos em núcleos familiares e no nosso entorno. A preciosidade e também a grande tragédia das relações humanas e familiares é que somos todos, enquanto espécies, cheios de contradições, semelhanças e particularidades: iguais e distintos, ao mesmo tempo. Sentimos tudo parecido. O fato que movimenta a trama é que uma das personagens da história sofre de um transtorno mental como a psicopatia e/ou sociopatia. Dois dos tantos transtornos, que hoje atingem boa parte da população, e que podem nos afetar e estar bem mais perto de cada um de nós do que imaginamos. A arte da capa é um trabalho sobre obra de Denise, The Blue Dancers, com intervenções assinadas por quatro artistas plásticos gaúchos: Zorávia Bettiol, Rosangela Krause, Maria Clara Vasconcellos e Paulo Frydman. Ao final, ela incluiu três entrevistas sobre transtornos mentais para dar veracidade científica ao delicado tema que aborda. Os entrevistados são a psicóloga Dra. Berenice Walfrid Levy, o psicanalista Dr. Augusto Paim e o psiquiatra Dr. Jacques Zimmermann. Quem assina o prefácio é o engenheiro agrônomo, palestrante, cronista, viajante e subsecretário de turismo do Maranhão, Luiz Thadeu Nunes e Silva e o livro custa R$ 59.
A paixão pela linguagem e as histórias é antiga e faz parte da tua carreira. Desde pequeninha você tem essa alma de criadora e artista né? Lembra dos primeiros sinais da infância e adolescência?
É justamente sobre isso o Doutorado que estou terminando esse ano: palavra e gesto. Quando eu senti os primeiros sinais de uma veia artística, lembro de dizer desde pequena que ia ser jornalista e professora catedrática. Lembro de conversar com a minha mãe e vó sobre isso. Desde os dois anos de idade eu desenho. Aos três, eu desenhava tantos vestidos de noiva que a minha avó dizia: “Essa menina não vai se casar”. E não parei nunca de desenhar, de pintar e de escrever, desde então. Tem pintores e escritores na família. Nunca fiz curso de artes plásticas e diziam assim: “Isso é dom e está na família”. Lembro dessas histórias com carinho.
Todo o autor está em suas histórias, mas na sua, você em nenhum momento você fez questão de negar que vivenciou as experiências do seu relato. Por que decidiu compartilhar?
Nunca senti vontade de esconder que é uma história real que eu vivenciei perto de mim. Foi um episódio muito ruim que aconteceu no meu entorno. No começo não senti esse medo. Eu escrevi sem pensar, porque precisava escrever. Foi rápido e o processo de correção é que foi mais árduo. Comentei com um amigo que escrever, ler e reler esse livro foi muito difícil e ele me respondeu: “Teria sido difícil também não tê-lo escrito”. Como diz o subtítulo, “perigosamente perto de você”, entendi que compartilhar essa experiência, infelizmente tão comum, poderia também ajudar quem passa pelo mesmo.
A arte e as histórias que contamos também nos curam. Qual foi o momento mais duro da tua vida? Você sentiu isso na pele? Compartilhar vivências e dores é realmente curador?
Escrever é curativo, pelo menos para mim. Expor as dores é mais ou menos como revivê-las, porque lembrar, dizem, é viver duas vezes ou mais. Mas depois de todo o processo de escrita e correção é um processo de jogar para o universo. O momento mais difícil da minha vida não é uma pergunta simples porque foram alguns. Eu quase morri com Covid-19, tive um câncer de mama, graças a Deus em estágio inicial, situações complicadas, quando também vivi perdas tristes. Acho que a coisa mais triste que vivi foram as mortes dos meus pais no mesmo ano. Estar sozinha com a minha mãe quando ela morreu e não poder ir ao funeral do meu pai por estar viajando.
Qual a sensação de ter sua primeira obra solo publicada?
Mesmo tendo escrito e participado de outras publicações, a sensação de publicar a minha primeira obra solo é uma emoção mágica. Uma alegria muito grande. Completar esse ciclo com dedicação e esforço em um período de tratamento e algumas delicadezas de saúde. Estou muito feliz.
Eu sei que já temos mais histórias por aí? Tem a ver com essa primeira publicação?
Sim. Temos muitas histórias vindo aí. Ano que vem quero lançar um livro com outros autores, tenho um livro de poesias e mais algumas histórias sim, que não posso dizer que têm a ver com esse primeiro livro. Mas tenho em mente uma trilogia e já tenho mais um suspense psicológico em mente.
Por Mariana Bertolucci