Aos 3 anos de idade, Cecília Capovilla já causava na escolinha e em casa. Festa Da Boneca, Chá da Tarde, teatro, circo, dublagens eram rotina na casa dos Capovilla. Eloisa era professora de história e uma mulher incrível, Genito, representante comercial. Ambos trabalharam muito e são pais de Cecília e Júlia: “Chegava uma amiga da mãe, eu colocava o sapato de salto da visita e fazia a pessoa me ver dançar todo um disco, lados A e B.” Recorda também do meio ano em que morou com os avós em Novo Hamburgo, em frente a um campo de futebol: “Nunca fui guria de apartamento. Minha família é italiana, gritaria, comilança e todos juntos.” Uma foto dela ganhando uma medalha da turma que escolhia a melhor coleguinha resume bem a personalidade marcante e cheia de estilo: “Chamaram a mãe, porque mandavam a turma dormir, por exemplo, e eu dizia para a galera bater pé. E batíamos.” Comunicativa, de amizade fácil, personalidade forte e alma em festa, Cecília assumiu aos 18 anos, de 1995 a 2000, o Elo Perdido, onde rolavam festas clássicas porto-alegrenses que embala uma geração para lá de especial, que não por acaso é a sua. O Elo virou festa itinerante, que atrai essa mesma turma e outras pessoas. A festa é ela. Sempre protagonista na cena noturna da cidade, com QG fixo na João Telles desde 2014 ao lado do sócio Duda Etchepare e mais recentemente reinando absoluta no Osvaldo, em frente ao Auditório Araújo Vianna: “Bom Fim que eu amo. Estou bem feliz.” Os súditos do seu imenso e eclético reinado agradecem e enchem de carinho a Rainha que recebeu os muitos amigos e amigas no seu aniversário no último dia 14.
Qual foi sua primeira decepção? Aff, não lembro! São tantas. A vida é feita de decepções, mas que é boa é, né? Sem mágoas.
Por que o Elo se tornou ícone de uma geração? Do que sente falta na hora da diversão? Sem internet e celular, nos nos achávamos pela música e o estilo. Era mais charmoso. Hoje se abre um bar e uma conta na rede social. Difícil manter o lugar meio secreto. Sinto falta do escondido, do privado. Se tinha festa eu passava o dia ligando para os amigos e clientes do Elo convidando. As pessoas curtiam, se sentiam lembradas. Sinto falta de lugares com alma, não bonitinhos. Lugar que sabe para que veio e acredita na sua ideia. O Elo foi um ícone porque sempre teve alma.
Como foi o retorno e a ideia de voltar a ter um estabelecimento há quase 10 anos, no caso o MiniBar, que foi um sucesso na João Telles? Há horas eu tava na cabeça de ter um bar. A ideia era ter um lugar pequeno e o nome perfeito Minibar. Tínhamos vários planos. Abrir de dia, à noite, telentrega de bike pelo bairro, cuidado com o som, a luz, preço justo, bom atendimento, limpeza, ranguinho honesto e ceva gelada. Confio muito nisso… mas com alma. Sabendo para que veio.
Quem é Cecília e o que deseja da vida? Ando cada vez mais Cecília. Desejo da vida uma vida leve e boa como ela tem sido para mim. Com saúde, amor e amigos verdadeiros.
Já fez alguma loucura por amor? E quem nunca?
Qual seu grande sonho? Tantos. Viver num mundo mais justo, por exemplo, adotar uma criança, uma casa em Santa… São alguns… Tenho uma lista boa, não consigo pensar em um só, são vários.
Mariana Bertolucci
Foto: Isadora Bertolucci