Diversão & Arte
É sereia…
“O mar serenou quando ela pisou na areia. Quem samba na beira do mar é sereia…”
Quem ama Clara Nunes e está no Rio de Janeiro corre para o MAR porque encerra amanhã a exposição Clara Nunes. Com um legado que atravessa gerações, Clara Nunes é uma das cantoras mais importantes da música brasileira. A mostra em sua homenagem apresenta uma leitura contemporânea da artista e sua relação com o Rio de Janeiro, em especial a região da zona portuária. A trajetória da artista é contada a partir de fotografias de Wilton Montenegro, impregnadas da religiosidade afro-brasileira em cerca de 50 imagens, explorando também a conexão de Clara Nunes com o Jongo da Serrinha, a Escola de Samba Portela, e sua viagem à Angola. A curadoria é de Marcelo Campos, o Curador-Chefe do MAR, Amanda Bonan, Gerente de Curadoria do MAR e Marlon de Souza, Curador do Instituto Clara Nunes.
Afrofeminismo em cartaz
Aberta desde setembro Um Defeito de Cor é a exposição principal do Museu do Rio de Janeiro, o MAR. A mostra é uma interpretação do livro homônimo da mineira Ana Maria Gonçalves. A escritora fez uma revisão historiográfica da escravidão abordando lutas, contextos sociais e culturais do século XIX, contando a saga de uma mulher africana, chamada Kehinde, que, no Brasil, precisa lutar por sua liberdade e reconstruir sua vida. O recorte da obra foi feito pelos curadores Amanda Bonan, Marcelo Campos e pela autora apresentando 400 obras de artes entre desenhos, pinturas, vídeos, esculturas e instalações de mais de 100 artistas do Rio, Bahia, Maranhão e da África. Em sua maioria negros e negras, principalmente mulheres. Com trabalhos inéditos de Kwaku Ananse Kintê, Kika Carvalho, Antonio Oloxedê, Goya Lopes, criadas especialmente para homenagear o livro.
Na época, se configurava a racialidade nas questões positivistas, como se pessoas racializadas, indígenas e negras, pudessem ter na sua constituição biológica algo que fosse um defeito, como pouca inteligência, por exemplo. Esse trauma é tratado a partir da trajetória de Kehinde, protagonista do romance. Em cartaz até 14 de maio, a expo é dividida em 10 núcleos, espelhados nos 10 capítulos do livro. Revoltas negras, empreendedorismo, protagonismo feminino, culto aos ancestrais, África Contemporânea estão entre os temas. O livro, que completa 16 anos em 2022, é considerado um clássico da literatura afrofeminista brasileira e ganhou o importante prêmio literário Casa de las Américas, em 2007.
Todos diferentes?
Provocar reflexões sobre a diversidade cultural por meio da pluralidade dos povos é a essência da exposição “Todos Iguais, Todos Diferentes?”, em parceria com a Fundação Pierre Verger. Com curadoria de Alex Baradel, a mostra apresenta mais de 200 imagens do fotógrafo francês Pierre Fatumbi Verger, que dialogam sobre questões atuais, além de expressar uma das contradições mais importantes e indispensáveis para um mundo harmonioso: Somos todos iguais em sermos diferentes. Além das fotografias, é possível conferir depoimentos de diversos artistas, intelectuais e pensadores de países registrados por Verger. Entre eles Esteban Volkov e Juan Coronel Rivera, netos de Trotsky e de Diego Rivera. Estudado até hoje, o fotógrafo, etnólogo, antropólogo e pesquisador francês viveu grande parte da sua vida na cidade de Salvador, e seu trabalho é marcado pelo cotidiano e as culturas populares.