FLÁVIO DUTRA
Antes de ser jornalista Flávio Antônio Vieira Dutra fez o primeiro vestibular para arquitetura e depois apostou todas as fichas no jornalismo. Passou em todas as faculdades e escolheu a UFRGS. Autor de quatro livros solos, três co-autoria e textos em 6 coletâneas, o determinado capricorniano nasceu em 6 de janeiro de 1950 em Porto Alegre e aos 15 anos, publicava com um irmão e alguns colegas um jornalzinho no bairro Petrópolis, onde moravam chamado Na onda, rodada em mimeógrafo. Em 1972, entrou numa vaga do arquivo do jornal Zero Hora e nunca mais parou de contar histórias e trabalhar em comunicação. Passou por praticamente todos os veículos de comunicação da capital, numa carreira inicialmente marcada pelo esporte. Inquieto, sempre buscou novos desafios em sua atuação como comunicador. Em 1998, abriu a empresa de assessoria de imprensa chamada Viadutra, que durou alguns meses porque logo participou da campanha de Britto para o Governo do Estado, em 2002, e passou a atuar na comunicação política municipal e estadual. Multimídia pioneiro, comunicador nato, Flávio é casado com a professora Helena com quem tem Flávia, Rafael e Mariana, curtir os quatro netos, bater papo com os muitos amigos e continuar contando suas milhares de histórias.
Uma vida no jornalismo, agora uma vertiginosa produção literária. Parar de escrever e formar opiniões jamais né? Fale sobre a decisão de deixar o jornalismo mais de lado, mas nunca o jornalista?
Na verdade, mesmo formalmente aposentado e longe do dia a dia das atividades, não deixei de lado o jornalismo, tanto assim que cometo uma coluna semanal no portal Coletiva.net, o que me obriga a ficar minimamente atualizado sobre tudo o que acontece. Mas é claro que sobra mais tempo para o que gosto de fazer: escrever, produzir conteúdos. A transição para essa nova fase foi tranquila, porque havia me preparado para ela. Para falar a verdade, não tinha mais paciência para a rotina das atividades da comunicação, que existem, sim, numa redação ou numa assessoria.
A rotina está mais calma. Do que sente falta e do que tem saudade?
Tenho repetido que acordar de manhã sem começar a me preocupar com os rolos a serem enfrentados no dia ou com as mensagens de cobranças e outras, não tem preço. O WhatsApp é uma praga nessas circunstâncias. Às vezes bate uma pequena saudade dos momentos de maior adrenalina, mas logo passa, e uma grande saudade das relações que ficaram no caminho e que tento resgatar, de vez em quando, em almoços ou chopes no fim de tarde.
Projetos pra 2024? Já pergunto no plural…
Estou envolvido em pelo menos quatro projetos de livros, alguns mais adiantados, como o Viva a Várzea, outros menos, mas todos previstos para este ano. Fui descoberto também como prefaciador e tenho dado conta com prazer e presteza dos pedidos. Desse jeito, acho que vou deixar para o próximo ano o livro solo que já está pronto, intitulado Kamadutra e outras histórias bobas.
Se descobrisse que o mundo acabará hoje, o que faria?
Se descobrisse que o mundo acabaria hoje, voltava a fumar na mesma hora. Abandonei o vício, do qual gostava muito, há quase 15 anos e hoje só fumo em sonhos. Dou cada tragada! Ou seja, não faria nada épico no fim do mundo, até porque não daria tempo.
Se pudesse participar de algum momento histórico, qual seria? Se já participou, qual o mais significativo pra você?
Se pudesse voltar no tempo, gostaria de viver naquele período em que Cristo pregou e depois foi sacrificado. Nada a ver com religiosidade, mas apenas a curiosidade jornalística para saber o que realmente aconteceu. Cristo realmente ressuscitou? Depois, como foi a ascensão ao céu? Aconteceu de fato? E como foi a vida de Maria e dos apóstolos depois? O Novo Testamento não deixa de ser uma baita reportagem sobre aqueles dias, mas vamos combinar que os quatro evangelistas não eram isentos. Bah, como eu gostaria de ter testemunhado tudo e depois voltar no tempo e escrever uma grande matéria. Com certeza, venderia os direitos para o Globo Repórter, com direito aquelas chamadas de “tirar o fôlego”, num clichê muito usado pela produção do programa.
Uma frase que te define…
Sou um eterno e bem humorado aprendiz.
VERA BERNARDES
O hobby de Vera Carvalho Bernardes virou profissão. Formada chef de cozinha pela Ecole Ritz Escoffier com experiência na área hoteleira, hospitalar, de restaurantes, bistrôs e clubes, onde dá consultoria gastronômica até os dias de hoje. Atualmente desempenha o importante papel de comandar a Liga Feminina de Combate ao Câncer, que trabalha há exatas sete décadas com o voluntariado e assistências aos pacientes que tratam o câncer, especialmente nos hospitais Santa Rita e Santo Antônio do Complexo Hospitalar Santa Casa. A relação com a entidade vem de longa data. Desde 2004, quando a filha participou do Concurso da Glamour Girl, um dos eventos beneficentes à causa. Organizou por vários anos o baile e em 2014 foi convidada para integrar a diretoria como diretora social, para em 2021 assumir a presidência da entidade, em um momento especialmente delicado: o pós-pandemia sem poder fazer eventos. Deu conta do desafio com perseverança e criatividade, como tudo o que faz. Nesta terça mais um sonho será realizado e a história dos 70 anos da Liga/RS será lançada em formato de um livro, sexta publicação da Bá Editora. Trabalho e dedicação de dar orgulho e emoção. Obrigada Verinha!
Qual o maior desafio do voluntariado? E o que a solidariedade te ensina?
Tenho consciência da responsabilidade de liderar nossa entidade dando continuidade a um trabalho conjunto executado há 70 anos por mulheres voluntárias que abriram um espaço em suas vidas para levar esperança, conforto a quem atravessa um momento difícil em suas vidas. Assumi com metas de profissionalizarmos a entidade e crescermos na prevenção.
Qual o grande desafio do voluntariado?
Acredito que o maior desafio para o voluntariado seja trabalhar com muita transparência e apresentando resultados que credibilizem o que está sendo feito.
Qual seria o melhor remédio para curar o mundo inteiro?
Acredito que nos dias que estamos vivendo, o melhor remédio para curar o mundo seria cultivar mais respeito, amor e empatia com nossos semelhantes.
Quais são seus cinco principais valores pessoais?
Honestidade, respeito, responsabilidade, tolerância e humildade.
Ao longo desses anos de trabalho voluntário, tem uma história em especial que a emociona? E qual o grande aprendizado?
Tenho certeza de que o maior ensinamento da solidariedade é saber e sentir que “fazer o bem, faz bem.” Feliz de quem conhece esse caminho enriquecedor.
Ao longo desses anos de trabalho voluntário, tem uma história em especial que a emociona?
No anoitecer do dia 24 de dezembro de 2021, eu faço uma visita para os pacientes do hospital santa Rita e Santo Antônio. Tinha um senhorzinho que eu já conhecia de outras visitas do Santa Rita. Eu cheguei nos pés da cama dele e ele me disse assim: “Eu estava esperando que esse anjo de olhos negros vinha me dar um sorriso para eu partir em paz. Eu sabia que no fim da minha vida, viria esse anjo se despedir de mim”. Eu cheguei perto dele e segurei a mãozinha dele e ele estava partindo e ele me marcou muito. Eu levo dentro do meu coração. Eu sei que ele não amanheceu. Eu vim para casa e entrei no chuveiro e chorei a partida dele, mas eu senti uma emoção boa. Que eu nem sei dividir o que senti de ter sido um afeto para aquela pessoa que estava ali sozinha na noite de Natal. Todos os Natais eu faço as minhas visitas.
NOTAS DA SEMANA
BÁ EDITORA I
Lançada em setembro de 2022, a Bá Editora lança no dia 30 de abril mais duas publicações. Em Viva a Várzea, dezesseis craques da palavra e uma pioneira resgatam histórias do futebol varzeano e seus personagens. A sessão de autógrafos é na terça-feira, à partir das 18h, no Chalé da Praça 15 (Largo Glênio Peres, Centro Histórico). Com projeto gráfico charmoso assinado por Antônio Luzzatto, em 200 páginas, dividido em capítulos temáticos, ilustrados com fotos de época, o livro apresenta textos de 16 ex-varzeanos, a maioria jornalistas e de uma pioneira do futebol feminino. O time, só de talentosos titulares, é formado por Cláudio Furtado, Fernando Becker, Flávio Dutra, João Bosco Vaz, José Evaristo Villalobos, Júlio Sortica, Léo Iolovitch, Liliane Correa, Mário Corso, Márcio Pinheiro, Marino Boeira, Óscar Fuchs, Paulo César Teixeira, Piero D’Alascio, Ricardo Stefanelli, Sérgio Kaminski e Vitor Bley de Moraes.
BÁ EDITORA II
Horas depois, na mesma terça, (30/4) na Casa NTX será lançada o sexto título com o selo da Bá; Sete Décadas de História e Voluntariado, obra que conta a trajetória de 70 anos da Liga Feminina de Combate ao Câncer, escrita por mim e pela Sandra Pecis. Contamos com o precioso apoio de um querido grupo de trabalho que incluiu a Presidente Vera Bernardes, a Vice-Presidente Nelma Wagner Gallo, a Presidente do Conselho Marília Diefenthaeler Herter e Juliana Jacobi da Silva. A capa divina é assinada pela sempre parceira da Liga/RS e talentosíssima Maria Tomaselli e o autor do belo projeto gráfico é o craque Antônio Luzzatto. Um jantar para cerca de 700 pessoas celebrará a data marcante, da entidade que orgulha a todos e faz um trabalho incansável e amoroso aos pacientes de câncer.
INCLUSÃO
O Instituto Meiriane Azeredo – Centro Clínico e Educacional de Psicologia organiza amanhã, 29 de abril, das 15h às 19h, o 1o Encontro Conectando Vidas que marcará também a inauguração da Sala de Aconchego, um espaço destinado ao acolhimento de famílias atípicas. na Alameda Alziro Andrade, no Canoas Shopping. O público poderá esclarecer dúvidas e conversar com profissionais da área sobre autismo. Haverá uma área onde crianças e adolescentes, do espectro ou não, poderão socializar e fazer atividades lúdicas.
AULA DE CINEMA
Depois do sucesso do curso Mulheres Pioneiras no Cinema, ministrado pela pesquisadora Marcela Grecco em 2023, a Cinemateca Brasileira apresenta o projeto Viva Cinemateca oferecendo três novos cursos gratuitos. Para participar nas aulas presenciais, é necessária inscrição prévia preenchendo formulário no s ite da institu ição. A Cultura Cinematográfica e sua História: cinematecas, cineclubismos, festivais, filmografias e historiografias será nos dias 29 e 30 de abril e 2 e 3 de maio, das 14h às 19h30min com o ministrante Rafael Morato Zanatto. De 3 a 7 de junho das 14h às 18h30min Rodrigo Archangelo falará sobre Os cinejornais no Brasil: notícia e entretenimento nos cinemas brasileiros do século XX.
NHAM NHAM NHAM
O Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS) inaugura no próx imo dia 2, quinta-feira, às 18h, na Galeria Augusto Meyer, a exposição Nham Nham Nham. É a primeira mostra selecionada no edital Chamada Aberta, que tem o objetivo de ocupar as galerias do MACRS com propostas aprovadas pelo Comitê de Acervo e Curadoria do Museu. Céu Isatto e Lael Peters são os curadores da mostra que explora a relação sinestésica entre visão e apetite, convidando o público a sentir vontade de “devorar” as obras de arte. A exposição reúne artistas do sul e sudeste do Brasil como Gelson da Silva Soares, Dudi Maia Rosa, Leonardo Fanzelau, Marina Borges, Artur Ferreira, Carú Brandi, Flavushh. A mostra é gratuita e poderá ser visitada até dia 30 de junho, na Galeria Augusto Meyer, 3o andar da CCMQ.
No dia 4 de maio às 11h a nutrichef Liv Dámé ensina os segredos para uma dieta rica em saúde, com foco no fortalecimento do sistema imunológico na oficina “Receitas de saúde: fortalecendo a imunidade” no Instituto Ling. Para participar, não é necessário conhecimento prévio.
O escritor Romeo Ernesto Riegel passou o bastão da Academia Gramadense de Letras e Artes – AGLA para o também escritor Marco Antônio Lopes Ferreira, que estará a frente da nova diretoria.
O curta-metragem Amarela, escrito e dirigido pelo nipo-brasileiro André Hayato Saito, produzido por Mayra Faour Auad e Gabrielle Auad (MyMama Entertainment) está concorrendo foi selecionado entre mais de 4.420 obras inscritas e disputa o à Palma de Ouro no 77º Festival de Cannes.
