FERNANDO ERNESTO CORREA
Vibrante, ativo e atento, o advogado, empresário e jornalista Fernando Ernesto Corrêa é um ser humano apaixonante e um entusiasta apaixonado pela vida. O porto-alegrense é querido de muitos amigos que cultivou ao longo de 88 anos. Aos 18, começou a carreira de repórter enquanto cursava Direito, depois foi comentarista esportivo da Rádio e da TV Gaúcha, passou a advogar nas emissoras e a desempenhar um importante papel institucional na RBS. De repórter a vice-presidente do Conselho Administrativo do Grupo RBS, e advogado empreendedor FE é jornalista e comunicativo por natureza, tem sapiência e talento para o diálogo e a simpatia. Um faro hereditário. Outro momento marcante foi a oportunidade de trabalhar junto à Assembleia Nacional Constituinte, em 1988, da qual participou. Ele é dedicado, generoso, gremista doente, adora trabalhar, fazer exercícios e tem espírito jovem e disposição impressionantes. Casado com Silvana Porto Corrêa, é pai de Geraldo, Fernando Filho, Laura e Ramiro e avô de Mauricio, Manuela, Valentina, Pedro e André. Passional, o experiente Fernando Ernesto está cada vez mais flexível. Tem opinião para tudo, mas também sabe se arrepender. Tão forte como vulnerável, tê-lo como amigo é ter um parceiro para todas as horas, embora seja crítico e exigente. Elegante e divertido. Pragmático e sonhador. Atrevido e generoso. Ousado e decidido. Corre, passeia e caminha pela vida com vontade voraz e constrangedora e também abala-se e emociona-se com o pior e o melhor da humanidade. Ama viver. Inspira e deixa-se inspirar. Não acredita no ser humano mas não abre mão de acreditar nos próprios sonhos e nos de quem tem a sorte de fazer parte do seu círculo de afetos e morar no seu imenso e intenso coração. Escreveu com a ajuda do jornalista e escritor Márcio Pinheiro O Lobista: Fernando Ernesto Corrêa: negócios, política e jornalismo. Me prometeu que vai voltar a colaborar com a Bá, onde escreveu ininterruptas 18 deliciosas e sinceras colunas sem falhar nenhuma. Bem-vindo FE!
O que foi pior: a pandemia ou o que vivemos hoje em Porto Alegre?
Claro que morreram muito mais pessoas na pandemia, e nesse ponto não há comparação. Mas a catástrofe atual da superenchente é maior que a pandemia por causa do day after. Na pandemia, as pessoas ficaram em casa. A atividades econômicas ficaram muito prejudicadas, mas com sinal verde, voltaram e tudo estava no mesmo lugar. Agora vão voltar como? Tem fábrica, loja, shopping dentro d’água. O dia seguinte desse evento climático horroroso é maior que a pandemia. Eu não acredito nem no ser humano e nem no setor público. A recuperação vai ser mais difícil. Todo mundo muito solidário, quando sair da pauta quero saber o que vamos fazer com milhares de pessoas que perderam tudo. Negócios prejudicados… Essa calamidade é maior para nós.
Que lições tirar do caos coletivo? Pode nascer uma consciência nova e o RS tornar-se farol de uma mudança?
É difícil te responder porque eu sou cético e pessimista. Eu gostaria de te dar razão na tua pergunta, que já é quase uma resposta. Que talvez o RS possa ser um farol de mudanças significativas. Mas eu não acredito muito. Acho o RS muito pequeno, somos um estado periférico. Mas tu tens razão, em algum momento essas mudanças vão ter que acontecer ou vai acabar a terra. Em setembro houve uma enchente muito menos agressiva e o que foi feito de lá pra cá? Nada. Então eu não acredito. Como acreditar vendo a total falta de infraestrutura da nossa cidade? O governo do RS tem que tirar tudo o que pode do governo federal. Mesmo que tenham cometido erros, acho que os três governos fazem o melhor que podem e o Paulo Pimenta vai nos ajudar. Teríamos que reconstruir tudo de maneira diferente, mas infelizmente eu não acredito em um novo mundo com respeito ao meio ambiente. Alguns países e estados estão mais bem preparados. Não existe infraestrutura aqui. Uma vergonha. Os bueiros em vez de receber água ontem colocavam água pra cima, parecia um chafariz.
Tem alguma lembrança da enchente de 1941? Qual?
Tinha 5 aninhos. Evidentemente que as minhas lembranças eram bem protegidas da realidade. Tenho uma visão lúdica da enchente de 1941. Meus pais moravam na Rodolfo Gomes, a minha casa que tinha dois andares ficou 2m de água. Lembro de nadar e brincar com meus companheiros de rua. E também do meu pai, que já era diretor do Diário de Notícias conseguir ir só de bicicleta para a redação que era na Praça da Alfândega.
O que achava que seria incrível fazer quando fosse adulto, mas não é?
Eu sempre quis ser jornalista. E achava que seria incrível quando era pequeno mas a vida me apresentou outros caminhos e para sustentar a família fiquei sem escolha. Ainda acho que é incrível ser jornalista.
Preferiria viver uma semana no passado ou no futuro?
O Gasparotto e o Luchese atribuem a mim essa frase: “O ser humano só envelhece quando as lembranças do passado forem maiores que os teus sonhos.” Pode envelhecer aos 60 anos. Ou como eu, que tenho 88 anos e não me sinto velho. Tenho muitos sonhos, quero realizar alguns, mas nunca deixar de sonhar.
HELENA RIZZO
Helena Rizzo Bins é uma talentosa e dedicada sagitariana nascida em 6 de dezembro de 1978 em Porto Alegre. Saiu do Rio Grande do Sul para ser modelo em São Paulo, mas foi em 1997, no restaurante Roanne de Claude Troisgros e Emmanuel Bassoleil que a jovem criativa se destacou. Estudiosa, ela estagiou em diversas cozinhas italianas e espanholas e, de volta ao Brasil, em 2006 abriu o Maní com os sócios Fernanda Lima, Giovana Baggio e Rafael Lima, Pedro Paulo Diniz. O grupo abriu outros empreendimentos como a Casa Manioca, para eventos; mais recentemente a Padoca do Itaim na Rua da Mata, onde Fernanda e Helena moraram saindo do Sul, o restaurante Manioca no Shopping Iguatemi, a Padoca do Mani da Joaquim Antunes e a Padoca do Mani do Iguatemi e em outubro deve abrir as portas de um Restaurante Manioca no Shopping JK, com um cardápio mais na brasa. De alma inquieta e dons de artista, à frente da cozinha do Maní, a bela chef brasileira mantém desde 2015 uma estrela do Guia Michelin. Já foi eleita a melhor Chef do mundo pela Revista Restaurant por dois anos consecutivos, em 2013 e 2014, ano em que o Maní foi eleito o 36º melhor restaurante do mundo. O Maní também foi eleito o melhor restaurante de São Paulo pela Folha de S.Paulo cinco e vezes, além de figurar entre os 10 melhores restaurantes da América Latina e entre os 100 melhores do mundo, ambos pela revista Restaurant. Em 2017, a premiada e estrelada Helena aceitou o convite para participar do reality The Taste Brasil, exibido no GNT, junto com Felipe Bronze, André Mifano e Claude Troisgros. Em 2019, integrou o júri internacional de The Final Table, competição gastronômica produzida pelo Netflix. Em 2021, substituiu a Paola Carosella no MasterChef Brasil, e está de volta amanhã com mais uma temporada do programa da Band. De fala suave e personalidade autêntica e simples, Helena está feliz de poder estar ao lado de um grupo bacana de chefs engajados em eventos que devem somar a quantia de quase R$ 1 milhão para os pequenos agricultores gaúchos vítimas da enchente. Sem palavras, Helena! Orgulho e gratidão.
Como está sendo assistir de longe tanta notícia ruim sobre o RS? Estar aqui é difícil, mas muitos amigos de longe estão muito aflitos.
É difícil encontrar palavras diante dessa tragédia climática, social e política… Dá uma tristeza, angústia e sensação de impotência. Para cada lugar, cada situação que olhamos tem uma história interrompida, perdas e recomeços ainda muito incertos. Me pega em um lugar da memória, do lugar que nasci e passei a infância e grande parte da adolescência. Dói e dá medo. Porque é uma realidade de todos nós. Porque mesmo que toque de forma diferente em pessoas distantes, todos nós estamos sujeitos a nova realidade de viver em um mundo em erupção e com um abismo social cada vez maior.
O Brasil inteiro está prestando atenção na emergência climática e nos meios de produção. Você há anos já é atenta nesse tema como chef e empresária incentivando os produtos locais e os pequenos agricultores. Acredita numa mudança mais potente e coletiva nesse sentido a partir dessa tragédia?
Eu quero acreditar! Acho que temos condições de mudar muitas coisas, a forma como produzimos comida/comodities, é antiga, perversa e totalmente desconexa no que diz respeito a natureza, ao meio ambiente e aos seres humanos. Os acontecimentos climáticos estão dando sinais cada vez mais fortes e seguimos do mesmo jeito, senão pior. Produzimos muito, desperdiçamos muito e temos mais de 30 milhões de pessoas passando fome no país. Hoje quando falamos de orgânicos e agloflorestas, primacultura e biodiversidade dentro da gastronomia, muitas vezes recai em um lugar de elitismo, exclusividade, uma vez que muitas pessoas não têm acesso e outras nem escolha em relação aos alimentos. Porque de fato, não estamos priorizando e muito menos incentivando essa mudança. Sei que é complexo, mas é necessário repensarmos e mudarmos nossa relação com a produção e o consumo.
Antes do Master Chef, se imaginava tão a vontade, com naturalidade e ativa também como comunicadora?
Não me imaginava e sendo bem sincera, não me sinto tão à vontade e nem com tanta naturalidade assim. A comunicação para mim é um exercício de expressão.
Mais um ano de estrela Michelin! O que mantém sua chama acesa pra criar, inovar e sempre se superar na tua carreira?
A cozinha não tem parada. A gente precisa estar sempre se atualizando, tentando fazer melhor e buscando harmonia e curiosidade no ambiente de trabalho. Dando espaço para que outras pessoas cresçam e contribuam com o processo criativo. Muito feliz de mantermos nossa estrela, graças ao trabalho cuidadoso de toda nossa equipe.
Uma combinação de comida que poderia ser banida do planeta?
Que tal trocarmos carne com hortaliças por hortaliças com carne?
Você pinta lindamente também. O que você sente quando pinta e desenha?
Para mim desenhar, pintar e cozinhar são atividades que me relaxam, que eu dou vazão ao que está dentro e não tem nome.
NOTAS DA SEMANA
SALVE A CULTURA I
A Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) está auxiliando no resgate e na recuperação de acervos em instituições atingidas pelas enchentes. Entre as ações: o mapeamento dos acervos, cadastro de voluntários, orientações técnicas aos profissionais que trabalham nos equipamentos culturais e a articulação de parcerias públicas e privadas. Espaços como o Museu e Arquivo Histórico de Montenegro, Museu e Biblioteca de Igrejinha, Museu Visconde de São Leopoldo, Museu de Lajeado, Instituto Pão dos Pobres (coleção documental e fotográfica) e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), já receberam as equipes da Sedac. Realizado pelo Sistema Estadual de Museus (SEM/RS), o mapeamento inicial aponta pelo menos 50 museus que foram afetados. Já foram confirmadas inundações em 19 instituições, além de nove museus com transbordamento de calhas e goteiras.
SALVE A CULTURA II
Foi criado um cadastro de voluntários que já conta com 484 pessoas inscritas. Desse total, 313 são técnicos e especialistas na área de patrimônio, como conservadores, museólogos, restauradores e arquitetos. Pelo formulário, 24 instituições governamentais de vários estados querem ajudar. Graças a todos esses profissionais será possível o restauro e a recuperação de obras de equipamentos culturais de todo o Estado, não somente vinculados à Sedac. A Sedac está em contato com organizações nacionais e internacionais, que têm oferecido apoio ao Estado. Enviadas por museus e memoriais de todo o Brasil, doações de materiais de conservação estão chegando ao Estado. O Instituto Brasileiro de Museus, o Comitê Internacional de Museus (Icom Brasil), especialistas e instituições de Portugal, Estados Unidos e Suíça, e o poder legislativo federal têm contribuído com o trabalho de salvamento e preservação do patrimônio gaúcho. Obrigada.
MADE IN GRAMADO
O Connection Terroirs do Brasil, foi remarcado para 28 a 31 de agosto no Palácio dos Festivais. Nomes brasileiros e internacionais estarão no evento que estimula a valorização dos produtos originalmente brasileiros, gerando conexões para novos negócios. Entre eles, o Secretário Nacional de Planejamento, Sustentabilidade e Competitividade no Turismo, Milton Zuanazzi, o chef Marcos Livi, Gabriela Testa Diretora do Instituto de Promoção Turística do Ministério do Interior da Argentina, Bernardo Cardoso, Diretor do Turismo de Portugal no Brasil e Gabriela Hermann Pötter, fundadora e diretora da Vinícola Guatambu.
52º FESTIVAL DE CINEMA
A organização do Festival de Gramado confirma a realização da 52ª edição do mais importante evento cinematográfico do Brasil. Conforme divulgado, o evento manterá suas datas inalteradas, entre os dias 9 e 17 de agosto. Com seu histórico de resiliência e resistência, Gramado receberá uma vez mais competições de longas e curtas-metragens, com destaque para o cinema feito no Rio Grande do Sul. A 52ª edição do Festival de Gramado manterá as tradicionais mostras competitivas de longas-metragens brasileiros, documentais e gaúchos, além de curtas brasileiros e gaúchos. O evento também contará com as mostras paralelas: acessível, infantil, cinema nos bairros e exibições hors concours. As homenagens com os troféus Oscarito, Eduardo Abelin, Kikito de Cristal e Cidade de Gramado estão mantidas.