PATRICK CONRAD

Nascido em 1945 na Antuérpia e radicado em Porto Alegre, Patrick Conrad é um multiartista reconhecido nas artes plásticas, literárias e audiovisuais. Dirigiu cerca de 20 filmes para a TV e o cinema – entre eles Mascara (indicado para Cannes). Foram cerca de 40 individuais na Bélgica e na França, e 3 delas foram retrospectivas de seu trabalho: em 1975 (Museum of Fine Arts of Antwerp), em 2005 (Museum Elzenveld, Antwerp) e em 2022 (Verbeke Foundation). Conrad surfa em uma ampla gama de estilos e temas. Na Bélgica dos anos 60, bebeu na fonte da Pop Art e, influenciado por Andy Warhol e Roy Lichtenstein, pintou o consumismo, a mídia em massa e a mudança do cenário social da Europa pós-guerra com cores vibrantes, grafismos e referências à cultura popular. Em 1970, ficou mais introspectivo, mergulhou fundo no surrealismo e expressionismo explorando imagens oníricas, figuras distorcidas e simbolismos que refletem sua fascinação pelo subconsciente e profundidade emocional. Na literatura, escreveu inúmeros romances, poemas e ensaios sobre a condição humana, a passagem do tempo e a busca por significado em um mundo caótico. Essa audaciosa experimentação inspirou gerações de artistas, enquanto sua perspicácia sobre a psique humana segue ressoando ao redor do mundo. A volumosa obra do artista está em coleções públicas e privadas da França, Bélgica, Inglaterra, Escócia, Alemanha, Holanda, Dinamarca, Austrália e Estados Unidos. Na terra natal é representado pela Paul Verbeek Gallery, que publicou um livro de arte sobre sua obra. Um dos artistas mais prolíficos e visionários da Europa, ele viveu 34 anos no Sul da França e desde outubro do ano passado escolheu morar aqui do nosso ladinho em Porto Alegre com a mulher, a jornalista gaúcha Jane Gershenson. Como que pouca gente sabe disso? Pequenópolis tem dessas coisas… Atenção, MARGS, FIC, MASP, MAM e o que de melhor temos para expor arte por aí… demorou, hein…

Além de Jane, o que te fez escolher Porto Alegre depois de uma trajetória de sucesso em tantas frentes na Europa?

Não sou alguém que corre atrás do sucesso. Por isso, não foi difícil deixar o sucesso na Europa. Já havia feito isso antes, quando parei de filmar em 1995. Minha decisão de mudar para Porto Alegre não se deve apenas à minha esposa, que nasceu aqui. Eu queria principalmente escapar de um ambiente que se tornou insuportável para mim. Lá, eu havia dito tudo. Eu ansiava, na época, por tranquilidade, por bondade, por uma forma de despreocupação. E encontrei isso nesta bela cidade, neste país maravilhoso.

Qual das artes representa mais você hoje? Está produzindo algo?

Eu sou, antes de mais nada, um poeta. Um poeta que escreve, desenha, faz colagens e costumava dirigir filmes. Hoje, me dedico principalmente à escrita e ao desenho. Requer pouco espaço, material e, acima de tudo, posso fazê-lo com total liberdade, sem fazer a menor concessão. Em junho, lanço meu novo romance, em setembro, minha nova coletânea de poemas. No momento, trabalho em um romance e tento produzir um desenho por dia.

Que pequena coisa você faria para tornar o dia de alguém melhor?

Como eu sei que a maioria das pessoas gostaria de ter a palavra final, eu lhes daria esta possibilidade.

Qual sua relação com a criação artística? E o papel da arte na vida das pessoas?

Para mim, a beleza é de vital importância. Eu tento buscá-la praticando diversas disciplinas artísticas. Sem arte, eu não poderia viver. É meu oxigênio. O que a arte significa para os outros, eu não sei. Apenas temo que para muitos tenha se tornado nada mais do que um investimento.

JULIANA SANA

Ela já esteve na pele de atletas olímpicas, paralímpicas, de uma lutadora de MMA, de celebridades, atrizes…. Vendou os olhos por uma semana, para sentir a rotina de uma atleta cega, praticou yoga 10 dias na Índia com a Fernanda Lima e fez um desafio de MMA com Paolla Oliveira. Juliana Sana faz jornalismo de imersão com mulheres há mais de 10 anos e, recentemente (há 3 anos) tem mergulhado na rotina das mulheres do campo, o que para ela, uma gaúcha raiz que sempre teve o pé no mundo, não causa estranhamento. Ju sempre foi aventureira, corajosa e inquieta. Não é qualquer desafio que assusta a comunicadora porto-alegrense, que é casada com o espanhol Salva Llobet Martinez, com quem tem Stella, de seis anos. Se ela cansa dessa atividade intensa e diversa? “Não sou só apresentadora. Estou apresentadora hoje. Amanhã posso ser outra coisa, mas com certeza algo na comunicação. Ainda quero fazer muitos projetos interessantes.” Tendeu? O céu nem é mais o limite, né, Ju?

O que tem aprendido com as mulheres trabalhando há tanto tempo com o universo feminino, especialmente agora com as da terra?

Foram mais de 120 mulheres agricultoras e fazendeiras, ou seja, já contei mais de 120 histórias de vida. Sempre é aprendizado. Percebo uma evolução do espaço da mulher, no esporte, no entretenimento ou no campo. No agro, por exemplo, elas estão quebrando tabus e se enxergando como potências dentro e fora da porteira. As mulheres do campo não são mais apenas as “companheiras que ajudam” o marido na cozinha da fazenda, como era há algumas décadas. Elas assumiram o protagonismo de suas propriedades rurais. E o mais bonito de tudo é ver a SORORIDADE das mulheres do campo. Hoje são centenas de grupos de mulheres do agro e dezenas de eventos pelo Brasil para elas. Além de conhecimento, trocam experiências e fazem networking, mostrando o potencial de cada uma. Já dei algumas palestras nesses eventos. É uma puxando a outra!!!

Qual trabalho você nunca aceitaria independente do salário?

Nunca mais surfaria ondas grandes com Maya Gabeira rsrsrs. Porque esse foi o maior desafio físico e mental que já fiz. Surfamos em alto mar, numa área de tubarões, com chuva…Acho que hoje já não toparia mais. Mas falando sério, acho que eu toparia qualquer trabalho que me desafiasse. Comecei a carreira como fotógrafa, depois virei filmmaker, depois apresentadora, diretora. Foram muitos desafios.

Você tem uma voz dentro da sua cabeça? Ela grita ou sussurra? O que ela diz?

Eu tenho uma voz tranquila dentro de mim. Sei que faço meu papel como ser humano e comunicadora, contando histórias inspiradoras e dando voz a muitas mulheres de todas as condições sociais. Quando alguma delas se aproxima de mim, e explica que um episódio do Belezas da Terra a inspirou a sair de um relacionamento tóxico para começar seu próprio negócio de flores no campo, por exemplo. Ah, isso não tem preço! Saber que seu trabalho está mudando para melhor a vida de alguém é realmente um privilégio.

NOTAS DA SEMANA

COSTURA DE AFETOS

Para começar a semana do Dia Internacional das Mulheres (8/3), uma roda de conversas muito especial está marcada para amanhã (4/3) no Iguatemi, às 19h, no 2º piso. Idealizadoras do Oráculo de Costuras – a curadora Juliana Johannpeter, a designer Ale Lago e a escritora Andréa Fortes vão trocar ideias sobre a vida, e contar como nasceu o projeto de criar o baralho. Com texto amoroso e cheio de significados, as cartas do Oráculo serão vendidas por lá de 4 a 10 de março. A renda é inteira em prol do Instituto Mari Johannpeter, instituição que apoia três grandes causas: educação, moradia digna e empoderamento feminino. Trabalho lindo que deve estar enchendo de orgulho a Mari, a estrela mais linda e brilhante do céu.


SARAU COLABORATIVO

A nova temporada musical do Sarau do Solar da Assembleia Legislativa abre seus trabalhos na quarta-feira (6/3), às 18h, no Vestíbulo Nobre da AL. A Diretora de Cultura da ALRS Mariana Abascal convidou turminha bacana de formadores de opinião e artistas contemplados no edital para a ocasião. Um novo conceito — batizado de Sarau Colaborativo — permitirá que o público colabore espontaneamente com valores diretamente depositados na conta do artista. Um jingle também será apresentado para marcar a iniciativa que há 32 anos embala nossa agenda musical e incentiva a cultura. Após o evento, às 19h30, no Teatro Dante Barone, dois espetáculos musicais serão apresentados em homenagem ao Dia Internacional da Mulher: Maria Alice celebra a latinidade mesclando milongas, tangos e boleros e Tatiéli Bueno leva ao palco um Tributo a Mercedes Sosa. Sob o comando de Daniel Panizzi, a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) oferecerá brindes com o melhor da safra gaúcha.


INFÂNCIAS BRASILEIRAS

Juro, juro, juro! Por todas as deusas! Que não é porque a autora é a minha primeira amiga da vida, mas acaba de sair do forno uma obra primorosa assinada pela dupla que já ganhou Prêmio Jabuti: a gaúcha Angélica Kalil no texto e a artista Amma, nas ilustrações. Uma HQ para o público infantil. São 10 mulheres importantes para o país quando eram crianças. Nas páginas pura arte e infâncias brasileiras. Marta Silva, Carolina de Jesus, Pagu, Maria Lenk, Sônia Guajajara, Ruth de Souza, Virgínia Bicudo, Mãe Menininha, Chiquinha Gonzaga e Carmen Miranda. Será lançada pelo selo Oh Editora da Editora Veneta no dia 9 de março, às 15h, na Livraria Miúda, em Sampa. Queria estar lá! Go Girls! Recomendo sem medo: o livro está em pré-venda com desconto no site da editora: veneta.com.br/produto/meninas.


TCHAU, DENGUE

O Brasil vive um surto de dengue já considerado epidemia em alguns estados brasileiros e os casos registrados passam de um milhão. Além de eliminar o mosquito, o uso de repelente é fundamental. Deve ser sempre o último produto aplicado na pele: protetor solar ou a maquiagem e, depois, o repelente, sempre cedo da manhã e à tardinha, horários de pico devido aos hábitos do mosquito. Para o corpo use o spray, e no rosto use o creme. Só aplique na pele íntegra, nunca em áreas lesionadas ou inflamadas. Evite os olhos, a boca e próximo aos ouvidos. Não inale ou use o spray perto de alimentos. Dormindo, recomenda-se o uso de repelente elétrico a pelo menos 2m de distância da cama e em locais ventilados. Pessoas asmáticas ou com alergia respiratória não devem usar o repelente elétrico. O uso em bebês e crianças também exige atenção: antes dos seis meses é proibido qualquer tipo de repelente e as crianças maiores devem consultar seus pediatras. Dicas necessárias das dermatologistas Dras. Ana Maria Pellegrini e Paola Pomerantzeff, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.


TCHAU, PLÁSTICO

Proibindo a distribuição de sacolas plásticas gratuitas, a lei que reduz o impacto ambiental do plástico e incentiva o consumo consciente já vigora em Gramado. Sancionada em 2020, a Lei Municipal nº 3.808/2020 passou por duas alterações, que ampliaram a proibição para sacolas biodegradáveis e deram prazo para os consumidores se adequarem. O plástico é um dos grandes vilões do meio ambiente e precisamos diminuir (muito) seu uso por um motivo simples: salva nossa vida e a do planeta. A lei inclui o Programa Municipal de Conscientização e Redução do Plástico, que controla e restringe a distribuição gratuita de sacolas plásticas nos pontos comerciais. Para marcar a importância da medida, a Secretaria do Meio Ambiente fez um informativo. Que carregar a própria sacola reutilizável é sustentável todo mundo sabe, mas e você? Carrega a sua? Eu gosto de falar, mas infelizmente ainda não. Que tal estimular e mudar isso coletivamente?


Tem expo recém-aberta no Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS). Entre materialidades e poéticas: as crianças pequenas e o acervo do MACRS tem curadoria de Mariana Prette e assistência de Isadora Heimig. A mostra vai até o dia 21 de abril, na Galeria Augusto Meyer, no 3º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ).


Nada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina estreia dia 28 de março nos cinemas. Distribuído pela Lira Filmes, o filme entra em cartaz no projeto Sessão Vitrine Petrobras. Dirigido por Ana Rieper, o documentário mergulha na musicalidade do álbum Clube da Esquina 1972, com entrevistas da turma nos anos 1960, em BH: Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Flavio Venturini, Wagner Tiso e Márcio Borges que, dentre outros nomes, criaram uma sonoridade única e ajudaram a revolucionar a música brasileira e mundial.


No Instituto Ling está a individual de Cristina Canale – A Casa e o Sopro, com obras inéditas da carioca. A curadora Daniela Labra escolheu mais de 20 trabalhos criados entre 1992 e 2023. Cristina é da Geração 80, já expôs na 21ª Bienal de São Paulo (1991) e na 6ª Bienal de Curitiba (2011), e sua obra é bonita e colorida.

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