Betinho

A maior motivação para manter a coluna Bá experiência é compartilhar fragmentos da minha visão de mundo. No meio do caminho, porém, questionei diversas vezes a relevância de escrever aqui toda semana. Em busca de entendimento sobre os motivos desses pensamentos, cheguei a algumas respostas

Quando a gente acredita ter algo a dizer, como eu acredito que tenho, é agoniante não contar com alguém para quem falar. Por isso, acredito, encontrei na escrita a minha maneira de colocar pra fora várias opiniões. Gosto deste encontro comigo mesmo. E, claro, deste encontro com quem me lê. Mas aí vem outra questão.

Eu faço diferença no mundo? Muito provavelmente não. Isso me frustra? Talvez, até semana passada, sim. Hoje não mais.

Recentemente, comecei a assistir à série Betinho: no fio da navalha, que conta a trajetória do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. O fundador da maior campanha de combate à fome da América Latina: a Ação da Cidadania, criada em 24 de abril de 1993. Ao buscar informações sobre o Betinho, encontrei esta reportagem, da Veja Saúde, publicada na coluna Saúde é Pop, do jornalista André Bernardo. Na matéria, ele conta como Betinho explicava noções de cidadania e solidariedade para quem parecia não entender. Era através da parábola do beija-flor.

Há muito tempo, uma floresta pegou fogo. Os animais saíram em fuga, diante do risco de morte. Ao ver um pequeno beija-flor pegar água no rio para apagar as chamas, um leão parou.

“Ah, beija-flor, você acha mesmo que, sozinho, vai conseguir apagar esse fogaréu?”, perguntou o felino. “Sei que não posso apagar esse fogo sozinho”, respondeu o pássaro. “Estou apenas fazendo a minha parte”.

No decorrer de 2023, diversos temas foram debatidos na coluna Bá experiência e no podcast Bá que papo: feminismo, feminicídio, antimachismo, antiracismo, democracia, anti-homofobia, sustentabilidade, consciência sobre mudanças climáticas, valores democráticos, pautas da comunidade LGBTQIAP+, importância da cultura, o problema do discurso de ódio na internet.

Somos perfeitos? Não. Podemos, inclusive, ter cometido inúmeras falas erráticas no Bá que papo. Sempre, contudo, tentando acertar. Mudamos o mundo? Certamente não. Mas se uma pessoa apenas que tenha nos ouvido ou lido esta coluna refletiu sobre valores mais humanistas, de tolerância e de consumo sustentável, já estou feliz. A propósito, o fato de eu mesmo ter buscado mudar alguns comportamentos para ser uma pessoa melhor, — após as conversas do podcast e depois de me deparar com a folha em branco aqui, ao escrever a coluna — pra mim, já valeu.

Exagero? Não acho. Estou apenas fazendo a minha parte. Isso me lembrou: estou devendo uma faxina no guarda-roupa, para separar peças e doar, a pedido da minha mãe, que sabe de pessoas que estão precisando.

A reportagem da Veja Saúde traz uma fala da a jornalista e escritora Ana Redig, que disse: “Betinho criou um batalhão de beija-flores”. Vamos nos juntar a eles.

No podcast Bá que papo desta semana, falamos sobre Betinho: no fio da navalha, disponível na Globoplay, sobre a série documental Se Eu Fosse Luísa Sonza, disponível na Netflix, e sobre a lista de possíveis convidados para o Big Brother Brasil.

Ouça agora no Spotify clicando aqui. Para ler outros textos da coluna Bá experiência, acesse este link.

Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio

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