Nesse último dia 14, fez um mês que pisei em solo europeu pela primeira vez. Um mês que estou morando em Portugal e isso é um tanto… louco. É claro que eu já tinha imaginado, algumas vezes, uma vida overseas, mas tudo é tão surreal que é necessário parar, respirar fundo e analisar tudo ao meu redor com calma.
Meus sogros moram aqui há um ano, então não é como se eu tivesse sido colocada em um ambiente 100% novo sem ninguém por perto para ajudar. Além, é claro, do fato de o Felipe, meu caro esposo, estar enfrentando comigo esse mergulho e a maré de coisas novas para nós, que nos cerca por todos os lados imagináveis.
Eu moro em Almada, ou como eu gosto de chamar: a Guaíba de Portugal. Não que eu tenha grande conhecimento de Guaíba, exceto pela vez que eu misteriosamente passei um aniversário lá, ou pelos relatos dos meus queridos amigos Filipi e Ana Paula. Estamos ao Sul de Lisboa e para chegar aqui é preciso atravessar o rio Tejo através da belíssima Ponte 25 de Abril. Daí Guaíba.
Até agora, Portugal tem sido um ótimo anfitrião e, ao mesmo tempo em que vivo momentos inteiramente novos, é como se fosse tudo extremamente familiar. Na primeira vez que saímos para turistar, logo no primeiro final de semana, Felipe insistia que tudo parecia como Gramado. Acho que é normal buscarmos aquilo que é confortável e conhecido para nos adaptarmos. Não julgo ele, eu só fui pra Gramado uma vez, quem sou eu… Mas de lá para cá, visitei e avistei paisagens conhecidas, que lembram, às vezes, Porto Alegre, às vezes, Pelotas… Às vezes, a Bahia que nunca estive. Tudo é herança, afinal de contas.
É por isso que, à primeira vista, Portugal é tão familiar. Porque ao mesmo tempo em que esbarro em ruas onde penso “Meu deus, isso é muito europeu…”, também tenho a sensação de que nem parece que eu cruzei um oceano inteiro.
Ah, e tem a língua ainda por cima. Como é que eu vou dizer… É a mesma língua, né? Mas também não é. Tem um oceano entre nós e isso não passa despercebido. Seja na pronúncia, no falar rápido que lembra os nossos catarinas ou nas palavras completamente diferentes que insisto em errar. Autocarro, não ônibus. Comboio, não trem. Sanita, não vaso sanitário. Ou nas charmosices, como o pequeno almoço, que é o café da manhã deles. Na vista de olhos, quando queremos dar uma olhada. E até mesmo na casa de banho, que é o nosso banheiro. É uma língua bué fixe (muito boa).
São os pequenos detalhes que me fazem perceber que não estou mais em casa. Mas o que é estar em casa?
Sigo refletindo e me redescobrindo, enquanto me esbaldo nas madalenas redondas, no Milka a 1,50 e nos pastéis de nata (que de nata não tem nada, graças a deus). Continue acompanhando.