C

Como manter estável a correção nos dentes da frente?

Muitas são as formas disponíveis na ortodontia para alcançar resultados de qualidade. No desafio de reconhecer fatores para resultados estáveis, Robert Little informa que a contenção é a alternativa mais confiável no seu artigo publicado no Seminars Orthodontics. A avaliação de mais de 800 casos da Universidade de Washington descarta benefícios da extração de terceiros molares, pré-molares e incisivos, expansões transversais no arco inferior, proporções dentárias e mesmo dentes naturalmente espaçados para manter estável a continuidade entre os dentes anteriores inferiores.

O homem-de-neandertal dispunha de arcadas amplas, o que possibilitava acomodar todos os dentes. Quando a humanidade começa a cozinhar os alimentos e utilizar talheres, antes mastigar, a estrutura craniofacial é menos estimulada a desenvolver e resulta em modificações seculares. Recentemente, a indústria tem facilitado cada vez mais a textura dos alimentos para melhorar a digestão. Talvez essa modificação estrutural seja a causa da alta freqüência de terceiros molares com indicação de extração.

Os terceiros molares são chamados de sisos porque chegam à boca quando o jovem passa a fazer juízos livres de arbitrariedades. Por ser o último dente a chegar, é o maior prejudicado pela falta de lugar para todos. Parece que isso aflora sua rebeldia e alguns sisos se posicionam de maneira a prejudicar a integridade de dentes próximos. De fato, a presença dos sisos pode ser uma porta aberta para microorganismos contaminarem o ambiente bucal, resultando em cáries, doenças periodontais e reabsorção radiculares dos segundos molares. Poderia também afetar a continuidade nos molares, porém esses efeitos não se estendem a região anterior, segundo o autor.

A extração de pré-molares tem indicação motivada na harmonia facial e preservação das estruturas de sustentação. Sem extrações a correção é feita a expensas de expansão que resulta no aumento da protrusão dos dentes, induzindo a hiperatividade do músculo mental e afeta a harmonia facial. A expansão também resulta no afastamento dos dentes com sua base óssea, principalmente na arcada inferior. Hoje em dia, existem alternativas para a dicotomia entre extrações e expansões, que é a ancoragem esquelética. Tradicionalmente, com fios ortodônticos cerzimos o destino da relação entre os dentes, que sejam normais ao final do tratamento. Com o avanço das tecnologias virtuais, existem tratamentos produzidos totalmente por meio industrial, porém não chegam a ser um método prêt-à-porter.

Em termos de estabilidade pós-tratamento nos dentes anteriores, a contenção ortodôntica é ainda a melhor alternativa. Nem mesmo dentes naturalmente afastados entre si no inicio do tratamento, oferecem garantia de manter a linha. Isso pode ser explicado pelo conflito de forças naturais nessa região, que tendem a movimentar esses dentes. Também o procedimento de aparar as arestas entre os dentes, lixando, não garante estabilidade. Lixar os dentes é indicado, principalmente, quando há desproporção nas dimensões dentárias. Entretanto, as proporções dentárias também não garantem estabilidade.

Na prática, eu tenho identificado muito dessas informações. Não é aconselhável a expectativa de procedimentos mágicos para garantir a estabilidade dos incisivos. Concordo com o autor, quando ele recomenda tratar os casos com os ideais de perfeição nas relações dentárias e as atividades fisiológicas, não modificar a forma de arco inicial, manter a contenção fixando um fio metálico na região dos caninos e incisivos inferiores por tempo prolongado e acompanhar a evolução.

Por Fernando Martinelli de Lima, mestre e doutor em ortodontia pela URFJ

CategoriasSem categoria

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.