A mastigação do ser humano ocorre particularmente de trás para frente devido à ação da língua. Por essa razão, os dentes estão discretamente voltados para frente.
Outros seres, como o tubarão e o jacaré, mastigam no sentido oposto e por isso tem dentes voltados para trás. Nos seres humanos, os incisivos cortam o alimento, os caninos e pré-molares perfuram e o músculo lingual empurra o alimento para os molares. Os molares maceram o alimento para frente e somado ao grau de divergência entre as arcadas, superior e inferior, geram o componente anterior de forças. Essa divergência gera um plano descendente para anterior e pela ação da gravidade produz uma força para frente e para baixo nos dentes. O componente anterior de forças aciona a movimentação dos dentes para frente, quando é necessário fechar eventuais espaços. Também, a natureza dispõe de guias para desoclusão nos caninos e de incisivos (laterais e centrais).
As guias caninas empurram os caninos inferiores para dentro assim como as guias incisivas fazem com os incisivos inferiores. Na verdade, isso tudo ocorre naturalmente. Não precisamos pensar para mastigar corretamente nem para utilizar as guias. Entretanto, uma das conseqüências do componente anterior de forças naturais e as guias para desoclusão é a possível aglomeração dos dentes da frente. Ao reconhecer essas forças naturais, entendemos que a contenção fixa inferior é necessária após tratamento ortodôntico. Como num drible de craque, é para frente que a bola tem que andar.
Por Fernando Martinelli de Lima, mestre e doutor em ortodontia pela UFRJ.
Uma bela analogia. Simplificando a orientação que ocorre em nosso sistema mastigatório e sua relação com funções e a ortodontia.