Elene Abrahão se criou correndo, subindo em árvore, andando e patins e jogando taco no Rio, em Porto Alegre e em Santo Ângelo: “A vida cigana me deu bagagem de hábitos e estilos”. O amor pela mala vem da mãe, que tinha loja infantil e confecção. Ela levava para os pais das amigas comprarem, criava cintos e acessórios que vendia. O estilo da bela mocinha era esquisito: “Meio homeless. O pai detestava. Na confecção da mãe, me meti a desenhar coleções”. Aos 22, foi sua hora de ser mãe de Mariana: “Meu maior e mais lindo aprendizado. Cresci, ganhei foco, objetivo e lutei para ser mais forte, sem chance de desistir. Uma força desconhecida e que me deu um sentido na vida”. Há 30 anos, Elene assina e participa de incríveis produções de moda e figurino: Adoro pesquisa e descoberta de novidades. E me fascina colocar minha identidade nos trabalhos”. Ela mora em São Paulo, casada com Alonso Sperb, com quem teve Ava, com quase dois anos de idade. Eu, que conheço ela desde menina posso dizer: uma linda identidade diga-se de passagem. Saudades Elene, querida.

Sempre gostou de moda?

Sempre gostei de me vestir com inspiração, de alguém da rua ou uma imagem de revista. Não me preocupava com a opinião alheia, e sigo assim.

Mudar para São Paulo…

Estava andando em círculos profissionalmente em Porto Alegre. São Paulo tem uma vida cultural e artística que amo e um ótimo mercado de trabalho.

E ficar longe da filha?

Toda mudança gera uma quebra, uma sensação de perda. Ela já era maior de idade, quis ficar onde vivia. Mesmo triste com a “separação”, fiquei feliz de vê-la seguindo seu caminho e sonhos. Um misto de dever cumprido e dor da perda.

Quem é Elene?

Alguém que luta pela vida, o trabalho, amor e autoconhecimento. Hoje estou mais centrada nas minhas verdades. O menos é cada vez mais. Busco o essencial, o verdadeiro, não me iludo com o que “parece ser”.

Desejo?

Equilibrar alma e matéria. Seguir crescendo, como um todo. Sinto-me pequena em coisas que ainda preciso aprender. Estudar e viajar para sempre…

Um valor?

Respeitar o outro é respeitar a si próprio.

Quem te inspira?

Iris Apfel por seu estilo único, forte e colorido, provando que o belo não tem idade. Chanel por libertar as mulheres quando elas eram amarradas pela moda e Costanza Pascolato, por ser simples e sofisticada.

O que falta para a moda brasileira?

Autoconfiança. Ainda copiamos o que é feito fora. Temos informação, personalidade, inspiração e estilistas incríveis, mas ainda são poucos para o nosso potencial e falta incentivo do governo.

Por Mariana Bertolucci

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