Mel e limão, água e vinho, queijo e goiabada, vento e ar, café com leite. A tempestade e a bonança. Avião sem asa, fogueira sem brasa. Se não fossem um casal, Marla e Paulo bem que poderiam ser uma música.
Os dois se viram pela primeira vez há 28 anos no bar Blue Jazz. Ela com 24, bem elétrica, olhou para ele, com 29, bem calmo, e pensou: “Vou casar com esse cara”. Ambos acompanhados, nada aconteceu. Ela fez jornalismo e era uma repórter cheia de ideias e graça. Ele fez administração, era estiloso, quietão e cabeludo.
Os olhares se procuraram. Pouco depois, já sozinhos, Paulo Pinheiro convidou Marla Martins para jantar no Ocidente. “Gostei do jeito dele. Apresentava um programa na TVE três vezes por semana, e ele ligava e convidava para jantar bem nos dias. Eu nunca podia, até que marcamos no sábado. Em um mês me pediu em casamento”, recorda faceira. “E casamos depois de um ano”, emenda Paulo. Em 1986, ele entrou como trainee da RBS, onde ficou 12 anos e seguiu uma exitosa carreira na área de gestão e como gerente de operações da NET Sul, cabeando e implantando a rede NET em 11 cidades gaúchas e em Santa Catarina.
Do Grupo RBS, mal esquentou a cadeira em uma vaga para a qual estava superanimado, na Clínica Serdil, e recebeu a proposta do Shopping Praia de Belas, onde acabou trabalhando por 11 anos e estreitou os laços com a família Jereissati. Nessa época foi o responsável pelos shoppings do Rio para baixo. Por um ano e meio, fazia ponte-aérea POA-SP. Depois vieram mais quatro anos de varejo no Grupo Zaffari, em um cargo de direção do Bourbon Shopping.
Enquanto Paulo consolidava cada vez mais sua carreira, ela decidiu pedir uma demissão sabática, como costuma brincar: “Um filho tinha sete anos, outro, um aninho. Estava pagando para trabalhar e decidi ficar em casa com os guris um pouco.”
Foram dez anos mais dedicados à família, em que ela deixou um pouco de lado a comunicação. Amiga, alegre, boa anfitriã, de personalidade amorosa e um contagiante sorriso farto e fácil, Marla passou por quase todas as redações televisivas de Porto Alegre. A primogênita do jornalista e ex-senador Lasier Martins é uma comunicadora em potencial. Começou na TV Guaíba, foi repórter do TV Mulher, na Globo, passou pela Rede Pampa, e na TVE foram duas longas temporadas de oito anos. A primeira à frente do Radar, programa ao vivo e diário, sucesso entre a gurizada, e a segunda com o Estação Cultura. Na então recém-nascida TV COM, comandou o Geração Com.
Com os filhos crescidos, a estrela de Marla voltou a brilhar nos palcos e auditórios, onde enche de simpatia e segurança os eventos corporativos que apresenta. Conciliando com talento a vida de mãe e mulher e o carisma de comunicadora, ela é há décadas a cara do Festival de Gramado, do Festuris e do Festival de Música. Anfitriã dedicada, adora dividir com os amigos o astral do seu gostoso canto em um condomínio da Zona Sul de Porto Alegre. A casa tem a praticidade dele e o charme dela. Sutilmente colorida, confortável e com alma, é por lá que vivem felizes os pais de João Pedro e Lourenço. Mesmo com um inegável know how em gestão de shopping, Paulo pensava em fazer algo diferente para crescer e aprender mais”. Com auxílio da Bóra Design de Negócios foi que ele rabiscou o futuro como empreendedor e abriu, com seu irmão Ari, a Capadócia Negócios, uma agência de negócios em varejo.
Mas, quase no fim de 2015, o mercado de novo cutucou o pragmático Paulo, e lá estava ele na direção de outro universo. Há oito anos é o diretor executivo da BRIO, que gerencia o Beira-Rio e conjuga gestão de negócios, varejo e entretenimento. Um dos posicionamentos é aproximar o torcedor do estádio Coração Gigante.
Para a musa, ele não poupa elogios. “Ela é o sol da minha vida, ilumina meus caminhos, segura no meu braço e me envolve em toda essa luz natural. Me aconselha, me coloca para cima. Em muitas situações essa estrela dela veio em minha direção, e é isso que move o nosso amor, com segurança de conhecer as pessoas, de me sentir mais seguro ao lado dela. Nunca me decepcionou.” Ouvindo com emoção as palavras do seu amor (quem não se emocionaria?), ela completa com sabedoria. “Tivemos vários momentos, como qualquer casal, paixão, pacto e emoção. Queremos o bem um do outro. Nos ajudamos e nos estimulamos. Porque é fácil destruir, construir é que é difícil.”
Sobre quase 30 anos de cumplicidade, sintonia e essência da simplicidade da vida dos dois, Marla entrega o segredo. “Coisas boas e luxos não são ruins, mas não podem ser o principal e motivar a vida das pessoas. Os dois filhos que nós estamos deixando para o mundo é que importam. O luxo é o simples, é receber e tratar bem as pessoas, é ter crianças correndo pela casa.”
Mariana Bertolucci