Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio
Um dos assuntos em alta na última semana, junto às trágicas chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul, foi a treta Dora Figueiredo e Doma Arquitetura. O motivo? Supostos problemas na reforma do apartamento alugado de Dora, uma influenciadora digital de 29 anos que mora em São Paulo.
Para além de encontrar culpados e vítimas neste caso, (e de refletir se vale a pena reformar um imóvel que não é próprio), tudo isso me fez pensar no uso da internet e das redes sociais. Por um lado, essas tecnologias deram vozes a minorias e são, hoje, ferramentas de transformação. Mas, por outro ângulo, trouxeram fenômenos curiosos, dentre eles os haters, os influenciadores digitais, os stalkers e, como no episódio Dora Figueiredo e Doma Arquitetura, os casos de exposed.
O termo exposed se refere ao ato de expor informações privadas e sigilosas na internet, de pessoas famosas e anônimas. Ou, como no caso de Dora Figueiredo, de empresas. Considerando a polaridade de tudo, como me é de costume, há o evidente lado bom e o lado ruim disso.
Enquanto consumidores, temos uma vasta opção de canais na rede mundial de computadores para reverberar nossa indignação quando nos sentimos lesados. E vociferamos a raiva sobre um produto ou serviço, para assim informarmos ao máximo de pessoas possível qual empresa é uma grande “‘cilada, bino”. Até aí, tudo ótimo. Foi, em tese, o que a Dora fez ao publicar vídeos em que reclama de defeitos na obra após contratar os serviços da Patricia Pomerantzeff, proprietária da Doma Arquitetura.
Mas precisamos lembrar que situações de exposed, quase sempre, vêm com dois elementos perigosos: a vingança e o ódio. E com o objetivo de expor segredos e situações constrangedoras, que normalmente seriam mantidos no âmbito privado. Levando isso em conta, há limite para o que deve e o que não deve ser jogado no ventilador?
Não sei. Há, afinal, os famosos casos de exposed que foram necessários. Como os que fizeram vítimas de abusos se unirem para denunciar um abusador, a exemplo do movimento #MeToo, que ganhou força a partir de 2017, quando diversas mulheres denunciaram homens poderosos da indústria cinematográfica de Hollywood.
No entanto, fica o questionamento: quando um exposed envolve acusações de crimes, é correto jogar pessoas e empresas ao famigerado tribunal da internet? Estamos sendo corretos ao tentar resolver conflitos com prestadores de serviço de forma pública e unilateral? Quais cuidados temos que tomar?
Será que podemos falar sobre tudo, com a justificativa de ter a comprovação da veracidade dos fatos? Estamos expondo pessoas e organizações por uma causa justa e nobre, ou estamos fazendo dessa prática um meio de vingança e autopromoção?
Não faço a menor ideia. Toda essa confusão me trouxe perguntas, não respostas. E não é sobre reforma.
No episódio do podcast Bá que papo desta semana, convidamos a Marina Smith para comentar o caso Dora Figueiredo e Doma Arquitetura, e o arquiteto Marcos Apoitia, para fazer um exposed da reforma que ele fez no apartamento dela. Ouça agora o episódio no Spotify clicando aqui. Para ler outros textos da coluna Bá experiência, acesse este link.
Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio