Como comentei com vocês, tive três AVCS hemorrágicos nos anos 22 e 23. O especialista que operou minha cabeça, ao dizer que cumpria o protocolo, considerou a hipótese de uma quarta cirurgia craniana. Tudo dentro do protocolo!

Resisti e, estimulado pela Silvana e o Geraldo, troquei de médico. Entrou em campos o Luiz Antônio Nasi que propôs um tratamento alternativo da que era uma embolização, ou seja, combater o coágulo de baixo para cima, através da artéria femoral. Tal foi feito pelo Doutor Eduardo Raupp e eu estou completamente curado. Não foi nada fácil essa minha tomada de decisão. Tive que superar a preocupação com a equipe original.

Esse exemplo, mostra a autossuficiência de alguns médicos que se consideram infalíveis, o que é ampliada pelo medo e covardia dos doentes e familiares de enfrentar uma situação como essa.

Ah! O fulano vai ficar ofendido com a intervenção de outro profissional. Talvez esse dilema já tenha acontecido com vocês. E se o fulano não gostar? Fica chato. Chato coisa nenhuma, o pior é ficarmos restritos ao trabalho de quem não resolve o problema da doença em questão.

Não é ético procurar outro médico, dizem alguns. Nada disso. O que não é ético é o paciente morrer por causa de uma frescura dessas.

Médicos com esse preconceito é claro que são uma minoria. Porém, o efeito negativo se amplia, como disse, pelo comportamento equivocado de pacientes e das pessoas que os cercam, que veem no médico uma entidade superior aos humanos comuns.

Esse tipo de relação médico/paciente remonta aos primórdios que vão até o início do século XIX quando as “autoridades” locais eram o Soberano, a Igreja e o Médico. Imaginem quem, naquele então, tentasse duvidar daquele que se arvorava como o curandeiro em uma comunidade. Este era considerado um bruxo que poderia acabar morto numa fogueira.

A história diz que as escolas de medicina no Brasil só foram criadas em 1808 e as primeiras turmas se formaram em 1812.

Porém, ainda hoje, os recém formados, residentes, assistentes devotam fidelidade extrema aos seus superiores. Logo, eu,

mero doente leigo, não tenho o direito de postular mais do que me é oferecido pelos mestres da área. Ledo engano, pois a cura do paciente é a única e indiscutível finalidade da medicina.

Como velho advogado, digo que, em qualquer circunstância, o paciente tem o direito de pedir e o médico tem o dever de aceitar uma segunda opinião.

Fernando Ernesto Correa

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  1. Alcimir Richter says:

    Ernesto concordo plenamente.
    Está reflexão vem ao encontro de uma situação que estou passando. Tenho um problema que não estávamos achando uma solução. O médico que estava me tratando, excelente por sinal, não resolvia algumas situações colaterais.
    Resolvi consultar outro, com a sensação de estar traindo meu médico, que para acrescentar é meu amigo. Tenho um problema sério de fidelidade.
    Obrigado por me deixar mais à vontade nesta situação. Grande abraço

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