Sílvio Santos

Quando alguma figura importante morre, um pouco de nós morre junto. Mesmo se for alguém que a gente nem gostasse tanto assim. 

Entenda por “figura importante” uma pessoa extremamente relevante em nossa história — para o bem ou para o mal: mãe, pai, irmãos, amigos, amantes, marido, mulher, filhos, o ex que detestamos, os amigos que descartamos, os colegas com quem nos decepcionamos. Enfim, todos que ajudam a organizar a linha do tempo da nossa memória, independentemente de terem sido pessoas amadas ou odiadas.

Se penso na época do colégio, por exemplo, me vêm à mente professores por quem eu tinha adoração, mas também professores por quem eu tinha repulsa. Ao recordar meus vinte e poucos anos, lembro de gente que me fez muito bem — e de gente que me fez muito mal. Por isso, mesmo distante de muitos desses indivíduos, ao saber sobre a morte de algum deles, eu morreria um pouco junto. Porque todos fazem parte de algo que vivi.

Tenho a mesma sensação quando ocorre a morte de coisas: o fechamento do bar que eu adorava frequentar; a demolição da casa que eu achava bonita para dar lugar a um prédio; o encerramento do programa de TV que eu gostava muito. Ao ler a notícia da morte de Silvio Santos, senti uma mistura disso tudo. Ao mesmo tempo, uma pessoa e uma coisa. Não no sentido ruim, mas no sentido de me remeter a um lugar, e não a um ser humano em si.

Acho que é isso que sinto quando uma “figura importante” da televisão morre. Foi uma sensação similar quando Hebe, Gugu e Jô Soares morreram.

Embora haja muita gente e muitas coisas partindo, que bom que a vida pode ser repleta de recomeços: de trabalhos, amizades, amores, projetos, carreiras e, por que não, cursos universitários. Não é mesmo, Mariana?

Que a vida siga.

Bá experiência por Diogo Zanella do Estúdio Telescópio.

No podcast Bá que papo desta semana, falamos sobre a cobertura da morte de Silvio Santos e sobre novos começos, com a Mariana Bertolucci voltando à universidade, depois de mais de 27 anos anos de jornalismo, para fazer graduação em Escrita Criativa.

Ouça agora no Spotify clicando aqui. Para ler outros textos da coluna Bá experiência, acesse este link.

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