Quando alguma figura importante morre, um pouco de nós morre junto. Mesmo se for alguém que a gente nem gostasse tanto assim.
Entenda por “figura importante” uma pessoa extremamente relevante em nossa história — para o bem ou para o mal: mãe, pai, irmãos, amigos, amantes, marido, mulher, filhos, o ex que detestamos, os amigos que descartamos, os colegas com quem nos decepcionamos. Enfim, todos que ajudam a organizar a linha do tempo da nossa memória, independentemente de terem sido pessoas amadas ou odiadas.
Se penso na época do colégio, por exemplo, me vêm à mente professores por quem eu tinha adoração, mas também professores por quem eu tinha repulsa. Ao recordar meus vinte e poucos anos, lembro de gente que me fez muito bem — e de gente que me fez muito mal. Por isso, mesmo distante de muitos desses indivíduos, ao saber sobre a morte de algum deles, eu morreria um pouco junto. Porque todos fazem parte de algo que vivi.
Tenho a mesma sensação quando ocorre a morte de coisas: o fechamento do bar que eu adorava frequentar; a demolição da casa que eu achava bonita para dar lugar a um prédio; o encerramento do programa de TV que eu gostava muito. Ao ler a notícia da morte de Silvio Santos, senti uma mistura disso tudo. Ao mesmo tempo, uma pessoa e uma coisa. Não no sentido ruim, mas no sentido de me remeter a um lugar, e não a um ser humano em si.
Acho que é isso que sinto quando uma “figura importante” da televisão morre. Foi uma sensação similar quando Hebe, Gugu e Jô Soares morreram.
Embora haja muita gente e muitas coisas partindo, que bom que a vida pode ser repleta de recomeços: de trabalhos, amizades, amores, projetos, carreiras e, por que não, cursos universitários. Não é mesmo, Mariana?
Que a vida siga.
Bá experiência por Diogo Zanella do Estúdio Telescópio.
No podcast Bá que papo desta semana, falamos sobre a cobertura da morte de Silvio Santos e sobre novos começos, com a Mariana Bertolucci voltando à universidade, depois de mais de 27 anos anos de jornalismo, para fazer graduação em Escrita Criativa.
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