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The White Lotus: 2ª temporada é boa, mas prefiro a 1ª

Bá Experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio

Antes de ler, dois avisos. Primeiro, este texto contém spoilers, portanto, destina-se a quem já assistiu às duas temporadas. Segundo, Tânia (Jennifer Coolidge) é maravilhosa, apesar de ser uma narcisista.

Dito isso, agora sim. Vamos lá.

Se me pedissem para definir a segunda temporada de White Lotus em poucas palavras, falaria, claro, sobre sexo e sensualidade como recurso de poder. Sobre sedução, desejo carnal animalesco. Patriarcado, papéis de gênero e masculinidade tóxica.

E definira a primeira temporada como a que aprofunda as relações de poder a partir das diferenças de classe e ironiza dramas supérfluos de hóspedes burgueses. Como o próprio gerente do hotel, Armond (Murray Bartlett), diz em um episódio: “o segredo é tratar pessoas ricas como crianças mimadas”.

Mas as duas temporadas têm muito mais em comum do que diferenças. Em ambas, Mike White critica de maneira sofisticada a hipocrisia daqueles que são perfeitos no discurso, enquanto escondem desejos e anseios por privilégios.

Lembra das adolescentes Paula (Brittany O’Grady) e Olivia (Sydney Sweeney), da primeira temporada? Pois então. Elas são apresentadas como sensatas e conscientes em relação a questões de classe.

Contudo, quando Paula começa a se relacionar com Kai (Kekoa Kekumano), um funcionário do hotel que é nativo do Havaí, a amizade entre as duas logo se estremece. Paula esconde que está se envolvendo com Kai, até que tenta ajudá-lo em um roubo, e tudo sai de controle. O havaiano, ao final, é detido pela polícia, enquanto elas voltam pra casa. 

Já o Albie (Adam DiMarco), da segunda temporada, é o cara desconstruído. O jovem que critica atitudes machistas do pai e do avô durante a estadia do trio no resort. E até faz isso muito bem no início. O então bom moço, porém, revela ter tornado-se mais um predador sexual na cena em que passa por uma garota atraente pelo aeroporto.

Ainda na segunda temporada, o casal Harper (Aubrey Plaza) e Ethan (Will Sharper), assim como Paula e Olívia, são um ponto de lucidez em meio a falas absurdas de Daphne (Meghann Fahy) e Cameron (Theo James)

Só que Harper e Ethan, embora se coloquem como mais honestos na relação marido e mulher, já não sentem atração um pelo outro. E não sabem muito bem como lidar com isso, tendo o seu relacionamento colocado à prova durante a viagem.

Na temporada inteira, aliás, Daphne e Cameron desejavam uma pegação entre os quatro. Eles deram sinais. A estranha porta entre os quartos dos casais. Cameron se trocando em frente à Harper. A tensão sexual entre Cameron e Ethan na cena em que eles conversam na cama, enquanto as esposas estavam fora.

Mas a grande verdade sobre White Lotus é que, quando assistimos, lembramos o quão aflitivo pode ser coexistir com outros seres humanos. Principalmente na primeira temporada, por isso nos apegamos mais a ela. 

Lembra do Shane Patton (Jake Lacy), que inferniza o gerente do hotel por causa de um erro na reserva do quarto (a mãe de Shane havia reservado um quarto melhor do disponibilizado a ele e a esposa em lua de mel)?

Eu conheço vários Shanes na vida real. Eles estão por toda parte. Tenho certeza que você também conhece uma pessoa tão detestável quanto ele. Se não conhece, cuidado. Essa pessoa pode ser você.

No segundo episódio do podcast Bá que papo debatemos muito sobre as camadas da série. Acesse este link e ouça agora no Spotify. Para ler outros textos da coluna Bá experiência, acesse clique aqui.

Bá Experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio

Foto: Divulgação HBO

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