A maioria de nós tem memórias familiares relacionadas ao Natal. Esse momento de encontro, celebração e compartilhamento de presentes, de abraços e do tal espírito natalino que prega união, respeito e afeto. Será? Quem assistir ao longa-metragem Tia Virgínia vai entender que nem sempre.
O dia 24 de dezembro, em Tia Virgínia, é permeado por sofrimento, mágoa e desafeto entre três irmãs. Na história, Vera Holtz vive Virgínia, a irmã do meio que não casou e não teve filhos — e, por isso, é designada para cuidar da mãe, uma mulher prestes a completar 100 anos que necessita de cuidados especiais. O filme, portanto, nos convida a pensar sobre famílias com idosos longevos. Mas também nos propõe refletir sobre o convívio forçado entre parentes nas festas de fim de ano, com toda a hipocrisia e o constrangimento característicos desses encontros.
Sabe aquela obrigação de estar feliz, em um seio familiar de amor? Muitas vezes, tudo não passa mesmo de encenação. “Somos abençoados”. “Estamos aqui, na noite do dia 24 de dezembro, nos divertindo muito”. Para alguns, pode ser que sim. Para outros, certamente não.
Quem, ao passar por situações embaraçosas e dissimuladas no Natal, não pensou em largar o sincerão? Surtar? Ou, simplesmente, fugir? É mais ou menos isso que a tia Virgínia faz. Eu, que não tenho absolutamente nada contra essa data, nem contra as memoráveis festas natalinas da minha família, já fantasiei fazer o mesmo que ela. Imagina, então, quem declaradamente não gosta?
No fundo, a maioria de nós já passou por experiências negativas, melancólicas ou até mesmo trágicas em uma noite de Natal. No fundo, a maioria se utiliza de alguma máscara. No fundo, a maioria nem gosta tanto assim quanto se esforça para parecer gostar. No fundo, somos todos tia Virgínia.
Bá experiência por Diogo Zanella do Estúdio Telescópio.
Nesta semana, no podcast Bá que papo, conversamos sobre o maravilhoso filme Tia Virgínia, com a convidada especial da semana, a cronista Sabrina Ferri.
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