Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio
A rainha é falsa, manipuladora e mentirosa.
Calma, não falo da nova rainha da Inglaterra. Me refiro a outra pessoa, outra majestade.
“Sou falsa, manipuladora, mentirosa e filha da puta. Escrevo o que vem na cabeça, só futilidades”.
A frase acima é de um twitte. O ano era 2010. A autora? Rita Lee, que nos deixou em 8 de maio. Uma amostra rasa do seu humor ácido, irônico, despudorado e polêmico. Longe de mim querer fazer o mesmo, mas, na mesma semana em que na Inglaterra nasceu um novo rei, aos 74 anos, e uma nova rainha, aos 75, a rainha Rita Lee morreu, também aos 75 anos.
Rainha do rock brasileiro. Assim Rita Lee foi chamada na maioria das manchetes que anunciaram sua partida, embora ela não gostasse desse título e o considerasse cafona. O que não adiantou de nada, pois assim seguiu considerada pelo público brasileiro. Quem nasceu pra ser rei, ou rainha, nunca perde a majestade.
Rita Lee já foi considerada a cantora favorita do rei Charles III, coroado no Reino Unido em 6 de maio de 2023. O jornal britânico Daily Mirror publicou em março de 1988 a matéria “Rita’s right for Charles”. Em português, “Rita é a [mulher] certa para Charles.
Trata-se de uma passagem da autobiografia “Call Me By My First Name“, — da empresária Régine, considerada rainha da noite — com um episódio em que Charles expôs sua predileção por Rita Lee em uma festa na Embaixada Britânica em Paris.
Charles III, a propósito, é conhecido por seu gosto pelas artes. Na literatura, sua paixão é Shakespeare. Na música, entre suas preferências, a já coroada rainha do rock brasileiro, Rita Lee. Revolucionária e irreverente. Efervescente. Ganhadora do Grammy Latino, em 2001, de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa. Rebelde.
Expulsa dos Mutantes, em 1972, Rita Lee foi a Londres visitar o amigo Gilberto Gil, exilado da Ditadura Militar. Por lá, em 1988, ficou famosa nas mais altas rodas da cidade. Até ganhar um fã na monarquia britânica: o então príncipe Charles.
A coluna Bá Experiência, hoje, seria dedicada a falar sobre a coroação de Charles III e de Camilla. Mas não deu pra ignorar esse curioso e irônico ponto de encontro entre a morte da rainha do rock brasileiro e o nascimento do novo rei e da nova rainha do Reino Unido.
Mudo o enfoque do texto dessa semana porque a Rita Lee, hoje, me inspirou a agir um pouco assim: mudar e fazer o que eu queria fazer.
No episódio desta semana do podcast Bá que papo nos juntamos ao convidado especial Gregório Martins, do The Tretas Show, para discutir a recente coroação do Rei Charles III.
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Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio