Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio
Quando ouvi falar, recentemente, sobre o filme Vermelho, Branco e Sangue Azul, fiquei extremamente empolgado. Principalmente porque, apesar de o livro ser de 2019, não lembro de ter ficado sabendo da existência dele antes de 2023. Olha só que gafe a minha. Com o que eu estive tão distraído para deixar passar?
Justamente por não conhecer a história, fiquei animado quando anunciaram o longa-metragem. Muito em razão também de, nessas de acompanhar séries e documentários que abordam a Monarquia Britânica, eu sempre me questionar: como seria se nascesse um membro da realeza gay? E se essa pessoa estivesse na linha de sucessão ao trono, o que aconteceria?
E, claro, também por imaginar que, embora a sexualidade seja de foro íntimo e caiba a cada um saber à qual orientação sexual pertence, é muito provável alguém daquela família, hoje, pertencer a uma das siglas LGBTQIA+. Concorda? Afinal, é aquela velha história, toda família tem um que é. Não é assim que se diz? Pois bem. Isso tanto é verdade que, por conta do filme, descobri esta semana que existe um caso público de homossexualidade relativamente recente na Família Real.
Lorde Ivar Mountbatten, primo da rainha Elizabeth II, tornou-se o primeiro nobre britânico a se casar com uma pessoa do mesmo sexo em 2018, aos 55 anos. A celebração ocorreu quase dois anos depois de ele ter se assumido gay publicamente. Parece que as coisas, enfim, estão mudando, certo? Mais ou menos. Não havia membros imediatos da sucessão ao trono no casamento de Lorde Ivar Mountbatten. E precisamos lembrar que a Monarquia, enquanto instituição, segue ainda absurdamente conservadora.
Em um passado não tão distante, membros da realeza eram proibidos de casar com pessoas divorciadas ou separadas, como aconteceu como ocorreu com a princesa Margaret, irmã de Elizabeth, proibida de casar com um capitão divorciado. O então príncipe Charles, hoje Rei Charles III, precisou de uma autorização especial para casar com Camilla Parker-Bowles, a atual rainha consorte. E, mesmo tendo dado essa autorização especial, a rainha Elizabeth II não foi à cerimônia.
Precisamos ponderar também que, dos 53 países da Commonwealth — uma associação livre de países, a maioria deles ex-colônias britânicas — 36 ainda têm leis que criminalizam a homossexualidade.
Por tudo isso,Vermelho, Branco e Sangue Azul acaba não sendo profundo na questão como poderia. Mas nem por isso é ruim.
É uma comédia romântica e leve, sem grande aprofundamento no que significaria para a Grã-Bretanha ter um príncipe gay, e namorado do filho da primeira presidente mulher dos Estados Unidos. Porém, é um filme carismático, que encanta e, mesmo sabendo que tudo vai terminar bem, torcemos pelos protagonistas. E que, justiça seja feita, traz muita diversidade no lado norte-americano da trama, dando visibilidade a um personagem bissexual, filho de uma presidente mulher com um imigrante mexicano.
Apesar de não ser uma grande obra-prima, é um filme que vale a pena? Sim, vale a pena.
No episódio desta semana do podcast Bá que papo, falamos nossas impressões sobre o filme Vermelho, Branco e Sangue Azul, e comentamos o que gostamos e o que não gostamos no longa-metragem. Ouça agora no Spotify clicando aqui. Para ler outros textos da coluna Bá experiência, acesse este link.
Bá experiência por Diogo Zanella/Estúdio Telescópio