O toque não consentido das gotas de chuva em minha pele cansada.

Quando estou menos vigilante você se aproxima.

Você espreita a espera de qualquer leve sinal de embriaguez ou qualquer alteração de consciência.

Tu me dizia que conosco não acontecia, que os olhares eram diferentes.

Mas eles não tem mais pudores ou escrúpulos

Me perseguem na rua pelo simples fato de ser diferente

Seria eu peça com defeito ou é a engrenagem que não presta?

Carros, buzinas, hospitais e ambulâncias e pela rádio da polícia ela continua dando seu recado.

A arte dos computadores não é vendida nos sinais e nossa alma já foi penhorada.

O café com leite e o pão na chapa pra enganar a fome de anteontem.

Cuspindo marimbondos quentes em autoridades.

Os impertinentes desse povo que insistem em marchar. Adelante! Avante!

Postura correta. A espinha ereta. Braços trabalhando sempre firmes até que fecham a porta da da sala chefia.

Nenhum locutor se importou com seu corpo flácido que ficou estendido ao chão.

Hora de uma nova teoria. Todas as certezas que não tinha mais. Grite por um par de autonomia e uma pitada de dignidade.

Desgraçado por ser gracioso demais.

Os teus olhos não me enganam e o espelho já te julga com vergonha.

Dentes rangendo em sua direção e a garganta irritada por ter de dirigir a palavra pra quem não tem a capacidade de digerir uma batata ao vencedor dessa rodada.

Holden para de mentir agora e perceba que você pode morrer em meus braços acorrentados por te dizer a verdade.

Viver não só é perigoso como é muito violento!

Por Rodrigo Ramos, jornalista e escritor

Imagem: Pixabay

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